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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Amarração Amorosa - Por Uma Vovó Quimbandeira



Josué jamais pisara em um terreiro de umbanda, mas o seu sofrimento estava sendo sentido de uma maneira tão imensa e perturbadora que o desejo de alcançar um alívio para sua dor tornou-se muito maior do que o temor pelo desconhecido.

E é assim que podemos percebê-lo, em uma noite de sexta-feira, a estacionar o seu automóvel em frente daquele pronto-socorro espiritual de nome: CASA DE UMBANDA NOSSA SENHORA DA LUZ.

Josué entrou no terreiro, fez o seu cadastro, pegou sua ficha de atendimento e sentou-se no banco da assistência aguardando sua vez de ser atendido.

Ele ficava a olhar àquelas entidades com semblantes firmes e charuto na mão a realizarem suas tarefas sem nada entender de todo aquele estalar de dedos; ainda assim, a medida que o tempo foi passando ele começou a sentir um que de familiaridade com tudo aquilo que não sabia explicar.

Uma cambone chamou o seu nome: seria a sua vez de ser assistido.

Ao colocar os seus pés na área espiritual daquele terreiro uma emoção incontida tomou conta de todo o ser de Josué de tal forma que quando ele se sentou na frente da entidade esta só lhe disse:

— Dá cá um abraço nessa véia zifio!!! Faz tempo que Nêga tá te esperando!!!

Josué, sem nada entender, mas sentindo todo o seu intimo em comunhão com aquela entidade, abraçou-a emocionadamente. Lágrimas incontidas e fartas desciam da sua face: era como se estivesse matando saudades de uma amiga de longa data.

A entidade aguardou que ele serenasse as emoções e só então lhe disse:

— Suncê veio aqui fazer amarração não é zifio?

— É sim vovó, seria possível?

— Claro que sim zifio! Nêga precisa mesmo fazer uma demonstração de amarração que faça suncê realmente feliz.

— Obrigado vovó!!! Eu preciso mesmo que a minha ex-noiva seja amarrada a mim por que eu tenho que casar-me com ela de qualquer forma!

— Zifio, este é um tipo de amarração que só traz tristezas e aborrecimentos para suncês.

— Não entendi vovó!

— Suncê quer mesmo entender zifio?

— Sim senhora!

— Então feche os olhos e concentre-se por que já está na hora de suncê ver algumas coisas importantes para o seu crescimento interior.

Ele fechou os olhos e a entidade colocou a destra na região correspondente ao terceiro olho. Depois de alguns instantes, e após remover a destra, a entidade perguntou a Josué:

— E então zifio o que suncê viu?

— Eu vi três seres com olhar duro e energia altamente libidinosa.

— Suncê ainda continua a ver eles?

— Continuo, só não sei onde estão.

— Não se preocupe com isto!!! Apenas continue a observá-los e diz pra Nêga se em instantes suncê não ficará terrivelmente excitado.

— Deus do céu que terrível!!!

— São pensamentos poderosíssimos que evocam sensual e fortemente a lembrança de sua ex-noiva, não é verdade zifio?

— É verdade!!! Mas como é possível? Como a senhora poderia adivinhar?

— Zifio, não se preocupe por que neste instante estes três seres acabaram de ser aprisionados pelos manos Exus.

— Exus?

— Sim, são espíritos que trabalham por Deus nas trevas.

— Mas por que os Exus os aprisionaram?

— Para que deixassem de amarrar a sua vida.

— Amarrar a minha vida?

— É zifio! Ou não é verdade que sua ex-noiva terminou o relacionamento com suncê a três semanas?

— É verdade.

— Também não é verdade que desde quando isto aconteceu suncê não consegue ter mais paz de tanto que pensa nela?

— Deus, é verdade!!!

— Também não é verdade que foi toda esta ausência de paz que fez com que suncê viesse até aqui pedir pra Nêga amarrar esta filha a suncê, a fim de suncê ter paz?

— É verdade! Mas penso que toda esta lembrança que eu tenho dela é derivada do amor que devoto a ela.

— Amor???

— É !

— Hahahahahhahahahahaha!!!

— Por que a senhora ri?

— Isto num é amor zifio!

— O que é então?

— Efeito de um forte feitiço que a sua ex-noiva preparou para suncê há três anos, quando suncês fizeram três meses de namoro.

— Ah é?

— Sim zifio!

— Mas se ela chegou a fazer isto é por que ela tem amor por mim!

— Amor???

— É!

— Hahahahahhahahahahaha!!!

— Por que a senhora continua a sorrir vovó?

— O amor que esta filha tinha era por seu dinheiro, seus bens, seu carro do ano!

— Mas se isto é assim, por que então ela resolveu me deixar?

— Por que a filha arranjou alguém com muito mais dinheiro e bens materiais que suncê!

— Nossa, a senhora está sendo tão dura!

— Não zifio!!! Duro é o coração de suncês neste mundo de terra que vive a querer procurar felicidade na matéria perecível!

— Mas minha ex-noiva não é matéria perecível, é um ser humano e eu a amo!

— Quanto suncê a ama zifio?

— Eu a amo tanto que seria incapaz de viver sem ela.

— Então suncê não a ama, suncê foi viciado a ela!!!

— Como?

— Amar é querer bem ao próximo zifio!!! Amar é não fazer ao próximo aquilo que não gostaríamos que ele nos fizesse!!! Amar é torcer incondicionalmente pela felicidade do outro, mesmo que ele não esteja conosco!!! Suncê está é viciado zifio!!! Suncê tá amarrado e seu chacra genésico absurdamente desequilibrado!

— Vovó, mas eu não consigo ter paz! Não consigo parar de pensar nela!

— Isto por que suncê tá magiado zifio!!!

— Vovó eu gostaria tanto de acreditar nisso que a senhora me fala, pois ai seria muito mais fácil para eu esquecê-la! A senhora poderia me dar alguma prova de que o que me diz é verdade?

— Zifio, Nêga vai lhe dar esta prova não por que suncê quer ou pelo querer de Nêga, mas por determinação da Lei Divina.

— Sim senhora.

— A prova é a seguinte: quando suncês fizeram três meses de namoro seus pais ofereceram um almoço para ela lá na casa de suncês, certo?

— É incrível como a senhora sabe destas coisas!

— No dia posterior a este almoço suncê deu por falta de uma das suas peças intimas, não é verdade?

— Meu Deus, eu me lembro, é verdade!!!

— Nêga precisa dizer mais alguma coisa?

— Não senhora!

— Suncê quer ser desamarrado ou quer continuar sofrendo?

— Mas a senhora disse que iria fazer uma amarração para mim e eu pensei…

— …Um passo de cada vez, né zifio?

— A senhora tem razão!

— Suncê quer ser desamarrado?

— Sim senhora!

— Então feche os seus olhos!

Minutos depois a entidade disse a Josué:

— Pronto zifio, pela graça de Deus suncê tá desamarrado no amor!

— Puxa, obrigado!

— Como é que suncê tá se sentindo?

— Meu pensamento parece que está mais livre, um peso saiu das minhas costas e parece até mentira mas…

—….suncê num tá nem pensado mais em sua ex-noiva com todo aquele ardor terrível, não é?

— É verdade e isto é incrível por que não tem nem três minutos que a senhora me “desamarrou”.

— Zifio, nas forças de Deus, a cada dia suncê há de se sentir cada vez mais livre.

— Se Deus quiser!

— Zifio?

— Diga vovó!

— É que todo este pesar que suncê estava sentindo foi causado por uma amarração que aquela zifia lhe fez.

— É verdade!

— Suncê viu o quanto que suncê sofreu?

— Vi sim senhora!

— E então, mesmo assim, suncê vai querer fazer uma amarração pra ela?

— Não senhora, pensando melhor, eu quero mais é ser feliz!!!

— Nêga fica feliz por suncê zifio!

— Por que vovó?

— Por que se suncê quisesse fazer uma amarração, Nêga não ia poder!

— Ah é? Por quê?

— Por que este templo religioso em que suncê ta na noite de hoje é uma casa de Umbanda.

— Como?

— Umbanda é religião zifio, então num tem como nóis, que suncês chamam de entidades, fazer o mal a quem quer que seja!!!

— Mas assim que eu me sentei de frente a senhora, você disse que iria fazer uma amarração para mim, não estou entendendo!

— Hahahahahhahahahaha!!!

A entidade amiga sorria a valer enquanto piscava o olho para sua cambone e foi quando Josué perguntou:

— Por que a senhora está sorrindo vovó?

— Por que suncê num entendeu Nêga zifio!

— Entendi sim vovó! A senhora disse que faria uma amarração!

— Não zifio, é que Nêga fala tudo embolado! Nêga disse que faria para suncê uma demonstração de “amar é ação”.

— “Amar é ação”???

— É zifio, quem ama deve agir para demonstrar este amor; senão como a outra pessoa vai saber que é amada?

— Mas como na noite de hoje a senhora demonstrou que “amar é ação”?

— Ora zifio, quando nóis trabalhou com suncê para limpar magia negra, não foi demonstração de como colocar o amor ensinado pelo cristo em ação?

— Sim senhora!

— Quando suncê disse que não gostaria de fazer amarração para sua ex-noiva também não colocou em prática este mesmo amor?

— Meu Deus, é verdade!!!

— Inclusive, quando suncê disse que não queria fazer uma amarração para sua ex-noiva um daqueles três espíritos que estavam aprisionados pelos Exus ficou tão surpreso e emocionado pela força do seu perdão após todo este tempo de sofrimento que o protetor espiritual que assiste a ele encontrou condições de libertá-lo e levá-lo para um local espiritualmente mais elevado.

— Meu Deus que lindo!!! Chego a emocionar-me em saber disto!!!

— Lindo é Deus zifio!!! Linda é a Umbanda!!!

— É realmente tão linda que, se a senhora consentir, eu gostaria imensamente de ser um membro desta religião e deste terreiro.

— Continue a freqüentar esta casa de caridade sentando na assistência e se familiarizando mais com a nossa forma de trabalho para que, em breve, suncê esteja de branco aqui dentro junto com nóis, certo zifio?

— Certo vovó, muito obrigado por tudo!!!

— Agradece a Nêga não zifio, pois ela é só mais uma preta-velha quimbandeira que trabalha para que a luz da Umbanda seja cada vez mais reluzente aos olhos e corações daqueles que se permitirem serem tocados pelos seus Sete Raios de Luz. Agradeça tão somente a Deus Nosso Pai!!!

— Sim senhora!

— Fique na força e na luz de Zambi Nosso Pai!!!

— Sempre com “amar é ação”, não é vovó?

— Sempre zifio!!!

— Então que assim seja!!!

Mensagem de uma Vovó Kimbandeira recebida por Pedro Rangel

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“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.”

Allan Kardec.

Liga da Justiça Umbandista

Liga da Justiça Umbandista
O Homem de Bem O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado." Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz. Allan Kardec.