Aqueles que acreditam nas Forças da Natureza e no
Poder dos Orixás, sempre que adentram em um santuário da Natureza, devem
prestar respeito e reverência, seja ao entrar na mata, diante da cachoeira, à
beira da praia, frente às ondas do mar, no sopé de uma montanha e mesmo no
campo santo, morada de tantos espíritos, no portal dos mundos.
O médium de Umbanda, ao entrar na Calunga pequena,
isto é, no cemitério, deve pedir licença ao Pai Omulu, em primeiro lugar,
depois a Ogum Megê e finalmente ao Exu guardião daquele local, para ao sair
dali, voltar em Paz para seu lar, sem levar energias pesadas ou carregar
espíritos sofredores.
Se sabemos que há habitantes, temos até por
educação, entrar com cuidado e respeito. Alguns utilizam guias de aço, guias
contra-egum para entrar, não só em cemitérios, como em outros locais de
energias pesadas, como os hospitais.
Porém, o fato de absorvermos miasmas do ambiente
ou sermos seguidos por espíritos sofredores ou obssessores, pode ou não
acontecer, dependendo de como estivermos vibrando, já que somos poderosos
atratores de energias afins, de modo que nossos pensamentos elevados, o teor
vibratório de nossos espíritos, além do poder da oração, não permitirão que
levemos para casa as energias mais densas.
Pai Omulu é considerado na Umbanda, como Orixá da
Saúde e Chefe da Falange dos Mortos. Socorre nos casos de doenças, protege os
hospitais e intui os médicos, além de auxiliar o desprendimento do espírito na
sua libertação da veste carnal. Encaminha a alma dos recém-desencarnados,
enquanto se utiliza dos fluídos que se evolam do corpo físico para trabalhos de
magia. Daí a sua ligação com os cemitérios e cruzeiros, onde se condensam
vibrações desse gênero.
Alguns consideram Omulu e Obaluaiê o mesmo Orixá.
Alguns Pais no santo enfatizam algumas diferenças. A maioria considera que
Omulu é a forma mais idosa do Orixá e Obaluaiê a forma mais jovem. Ele, na
linha da Geração, que é a sétima linha de Umbanda, forma um par energético,
magnético e vibratório com a nossa amada mãe Yemanjá, onde ela gera a vida e
ele paralisa os seres que atentam contra os princípios que dão sustentação às
manifestações da vida.
Fazendo um entrecruzamento com Omulu, Ogum Megê
trabalha na linha das Almas, comandando a energia de ogum dentro da Calunga
Pequena. Vibrando com Omulu, O Sr. Ogum Megê é o disciplinador das almas
insubmissas. Está presente nos assuntos relativos a desmanche de magia. È
colaborador de Iansã. É o guardião dos cemitérios, rondando suas calçadas, lidando
com a Linha das Almas.
Quando se fala em linha das Almas, tambem se
refere aqueles espíritos iluminados, que se preocupam com a cura dos males
físicos e espirituais, junto aos pretos e pretas velhos.
Quando citamos a saudação ao Exu da Calunga
pequena, ele será da grande falange de Seu Exu Caveira, onde estão outros exus
e suas respectivas falanges: Exu João Caveiura, Tatá Caveira, Exu Caveira, Exu
Caveirinha, Pomba gira Rosa Caveira, Pomba gira Rainha do cemitério, Exu Quebra
Ossos. Alguns ainda citam Exu Pemba, Exu Brasa, Exu Carangola, Exu Pagão, Exu
Arranca toco e Exu do Lodo ( tambem ligado à Nanã).
Os Exu Caveira tratam da proteção direta dos
encarnados, nos assuntos do dia a dia, daqueles que são filhos de Omulu. São
extremamente rigorosos, não admitindo deslizes morais, pois daí se afastam ou
castigam. Mas tambem protegem e acompanham seus filhos por todos os caminhos,
quando eles trabalham na mediunidade, auxiliando no resgate das almas.
Os Exus Caveiras também estão sempre de guarda nas
campas, impedindo o vampirismo e o roubo de energias que ainda possam existir
nos recém desencarnados, para evitar o seu uso na magia negra e formas
pensamentos materializadas que o poder das trevas usam para corromper e
espalhar o mal. Sua luta é infindável, mas também eles são incansáveis.
Já na Calunga grande nós temos o mar imenso,
domínio da Grande Mãe Senhora Iemanjá. Ali tomam conta os marinheiros, as
caboclas do mar, e na praia os pretos velhos, ciganos, exus e pomba giras. À
Iemanjá podemos pedir ajuda para solução de problemas que necessitem de urgente
retorno, como exemplo; a cura para as doenças.
Também conhecida como Janaína e Inaê, está
associada a Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora dos Navegantes. Seus
atributos são a maternidade, a abundância e a generosidade. Favorece os
cuidados com os filhos e a vida familiar. Senhora das águas salgadas, ela
protege contra os perigos do mar.
Na Vibração de Yemanjá são: Cabocla YARA; Cabocla
ESTRELA DO MAR; Cabocla DO MAR; Cabocla INDAYÁ; Cabocla INHASSÃ; Cabocla NANÃ-BURUCUN;
Cabocla OXUM. Abaixo dessas Entidades, temos os GUIAS de Yemanjá: Caboclo DO
MAR; Cabocla CINDA; Cabocla 7 LUAS; Cabocla JUÇANÃ; Cabocla JANDIRA e outros.
Ainda dentro da Hierarquia Sagrada, logo abaixo, temos os PROTETORES. Dentre
eles : Cabocla LUA NOVA; Cabocla ROSA BRANCA; Cabocla DA PRAIS; Cabocla JACY;
Cabocla Cabocla DA CONCHA DOURADA; Caboclo 7 CONCHAS e outros.
Ali também está a força poderosa de Ogum. Na areia
do mar está Ogum Beira mar e dentro da água está Ogum Sete Ondas. Eles atuam na
ronda da Calunga grande e no reino de Iemanjá.
(Temos na
Calunga Grande uma enorme Falange de Exus Guardiões do Mar onde podemos
destacar: Exu Maré, Exu Caveira do Mar, Pombo Gira da Praia, Maria Padilha da Calunga Grande, Exu Pirata, Exu da Praia etc, Guardiões
e Protetores tomam conta desse que é ainda um grande mistério de Deus, o começo
e o fim da vida. Salve os Guardiões do Mar, Saravá a todos os Exus e Pombo Giras da Calunga Grande!) GRIFO MEU.
Devemos lembrar que o mar foi o cadinho de onde se
produziu todas as primitivas formas de vida do planeta, assim como Iemanjá é a
Grande Mãe, regendo todos os começos. Mas os pretos velhos consideram que o mar
é a calunga grande pelo grande número de mortes que ocorreram, nos navios
negreiros, nas lutas contra os piratas, nos combates no mar que levaram a
tantos naufrágios. O fundo do mar é coalhado de histórias de pessoas que ali
desencarnaram.
Na verdade o oceano é um grande mistério. Sabemos
que possui profundos e desconhecidos abismos, onde se encontram muitas almas
delinquentes prisioneiras, esperando o momento de sua regeneração, isoladas do
mundo pela capacidade de destruição que ainda possuem. Há o livro do autor Ranieri, chamado “Aglon e os espíritos do mar”,
que revela a existencia de numerosos espíritos aprisionados no fundo do mar por
suas faltas. Segundo Ranieri, o livro foi ditado pelo próprio Julio Verne,
famoso autor apaixonado mesmo em vida pelas história do mar.
Também ali alguns acreditem que se encontrem as
sereias. Atribuem as sereias a seres que nunca encarnaram e atuam como seres
encantados como os elementais. São seres naturais, regidas por Yemanjá, Oxum,
Oxumaré e Nanã.
Ainda há trabalhando junto à Mãe Iemanjá as
crianças, como Mariazinha da Praia, Joãozinho da Praia, Juquinha, Pedrinho,
Estrelinha, etc., chegam nos terreiros trabalhando intensamente, de seu jeito
que parecem estar brincando, e permanecem à beira-mar, junto com os pretos
velhos, fazendo a ronda contra entidades maléficas.
No livro “Entre
o Céu e a Terra”, de Francisco
Cândido Xavier, pelo espírito André Luiz, este relata : “- O oceano
é miraculoso reservatório de forças – elucidou Clarêncio, de maneira expressiva
-; até aqui, muitos companheiros de nosso plano trazem os irmãos doentes, ainda
ligados ao corpo da Terra, de modo a receberem refazimento e repouso”.
Já no livro “Faz
parte do Meu Show”, de Robson
Pinheiro, encontramos várias referências do benefício que os
recém-desencarnados recebem ao se aproximar das praias.
E no livro livro “Voltei”, também escrito por Francisco Cândido Xavier,
a equipe responsável pelo trabalho de ajuda aos recém-desencarnados faz os
primeiros atendimentos na praia.
Não há sombra de dúvida que sentimos revitalização
e reposição de energias após um banho de mar, ou mesmo alguns momentos sentados
em meditação e escutando o barulho característico das ondas batendo na praia.
Cada umbandista deveria ao menos esporadicamente, ir à beira-mar, reverenciar à
Mãe Iemanjá, pedindo a superação de momentos difíceis, Saúde, Força, Proteção,
Paz.
Por Alex de Oxóssi
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