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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Exu - Relação com o Fumo e a Bebida



“Porquê Exu fuma e bebe?”

A Umbanda, seus médiuns, os espíritos que nela trabalham e, em particular, os espíritos que trabalham na linha de Exu são alvos de muitas críticas devido ao uso da bebida alcoólica e do fumo durante alguns trabalhos.  Essas críticas baseiam-se no conhecimento, com o qual concordamos plenamente, de que o vício e a mediunidade responsável são incompatíveis.  Por isso, a Umbanda é comumente associada a espíritos ainda muito apegados à matéria e/ou a médiuns despreparados e de precária estrutura moral.

Cientes de que não é o nome ou forma de expressão de um espírito, e sim suas obras e mensagens, que nos dá um testemunho de sua elevação moral e, assim, cientes que espíritos de diversos níveis podem vir a trabalhar utilizando-se do nome “Exu”, é natural que façamos a seguinte pergunta: Como conciliar o uso de elementos materiais, como o fumo e a bebida, com um trabalho responsável em prol da caridade, realizado por um espírito de luz?  Em outras palavras, supondo-se que o espírito de um Exu pode ser, de fato, um espírito de alta elevação moral participando de um trabalho sério, por que Exu fuma e bebe?

Sabemos que cada grupo de trabalho, cada médium e cada espírito vivem em uma realidade própria e complexa; não podemos, assim, generalizar nenhuma resposta única para essas perguntas.  Podemos, no entanto, pôr em evidência possíveis razões pelas quais uma entidade de Umbanda, e em particular um Exu, pode se utilizar do fumo e da bebida durante os trabalhos. Essas razões, cabe esclarecer, não são necessariamente mutuamente exclusivas; ou seja, elas podem atuar, e muitas vezes o fazem, em conjunto.  A lista de possíveis razões que destacamos abaixo não tem a pretensão de abranger toda a complexidade do assunto mas, esperamos, tem o potencial de ajudar o leitor interessado a entender sua delicadeza e a perceber que há, de fato, uma possível compatibilidade entre essa forma de expressão de um espírito e um trabalho responsável, de propósitos elevados.

Nos caso em que o Exu é um “Exu-de-lei”, ou seja, um espírito de moral elevada, o uso do fumo e da bebida pode ser parte de uma necessidade específica do trabalho espiritual sendo realizado.  Essa necessidade pode ocorrer em vários níveis, nos quais encontramos as seguintes possibilidades:

 1. O Exu está participando de um trabalho no qual está lidando com espíritos ignorantes que usam dos vícios da matéria; a entidade usaria desses objetos para se apresentar de uma forma que facilite a sua comunicação com e/ou seu controle sob esses espíritos ignorantes;

2. É um trabalho que necessita dos elementos químicos encontrados no fumo e na bebida para a realização de trabalhos de magia, nos quais as matérias física e perispiritual são manipuladas e transformadas no ambiente;

 3. O fumo e a bebida fazem parte da caracterização da entidade e essa caracterização ajuda na comunicação entre a entidade e consulentes que, por exemplo, associam um preto-velho que fuma cachimbo ou um Exu que bebe bebida alcoólica como legítimos e, portanto, dignos de confiança e respeito.  Muitas vezes, mesmo pessoas cultas podem levantar dúvidas quanto à legitimidade da comunicação mediúnica quando ela não involve o uso desses instrumentos de caracterização da entidade (nos quais se incluem, também, a mudança de voz ou de postura física do médium, embora esses elementos tenham suas devidas funções, como se explicará melhor em outra oportunidade).  Essa caracterização de Exu, por sua vez, é fundamentada em processos culturais desenvolvidos desde os tempos antigos e presentes no surgimento da Umbanda; basicamente, o espírito de um Exu, desde então, é caracterizado, confundido e comparado com o “diabo” apresentado pelo catolicismo nos tempos da senzala;

4. É um trabalho que visa despertar encarnados e desencarnados ao fato de que o fenômeno mediúnico realmente existe; nesse caso, os espíritos bebem e fumam muito e o médium, após a incorporação, não apresenta resquícios dessas substâncias, nem de seus efeitos, no organismo;

5. O uso do fumo e da bebida, bem como de vestimentas e outros utensílios, facilitam que o médium iniciante assimile a personalidade da entidade comunicante; são, esses elementos, instrumentos usados pela entidade para que o médium permita que a entidade se expresse sem maior influência da personalidade do médium, já que esse se torna mais flexível a uma realidade psíquica estranha à sua.  Naturalmente, essa possibilidade se aplica com mais eficiência nos casos nos quais o médium não se utiliza do fumo e da bebida quando não está incorporado;

6. O uso do fumo e da bebida por uma entidade faz parte de um resquício da maneira de trabalhar do médium, que já vem trabalhando dessa forma há várias reencarnações; faz parte da “cultura mediúnica” do médium: assim ele aprendeu, assim continua a trabalhar;

7. O uso do fumo e da bebida é um resquício da maneira de trabalhar da entidade, que já vem trabalhando dessa forma há muitos anos; faz parte da “cultura mediúnica” da entidade: assim ela aprendeu, assim continua a trabalhar. Nesse caso, no entanto, não há o vício da entidade, pois ela aprendeu a transformar e usar a matéria (na forma de fogo, fumaça, álcool, etc.), desassociando energias negativas para trabalhos de caridade;

8. O fumo e a bebida são manipulados e utilizados pela entidade para reposição energética no médium;

9. O médium gosta de beber e de fumar e, consciente ou inconscientemente, tem a necessidade de fazê-lo. Aí, através do fenômeno mediúnico, ele influencia inconscientemente a forma na qual a entidade se expressa, submetendo-a a se utilizar do fumo e/ou da bebida para satisfazer a necessidade orgânica do médium, que, por sua vez, acha que a entidade é quem necessita/gosta da bebida e/ou do fumo.  Essa interferência mediúnica ocorre da mesma forma no vocabulário, falhas morais, etc, sem impedir, necessariamente, que uma entidade de luz se comunique e trabalhe na caridade, embora essa comunicação sofra a interferência negativa do médium;

10. Em uma variação da possibilidade descrita acima, também é possível que o médium está em um processo de resgate cármico, e passa a usar, dessa vez para propósitos de caridade, elementos que, em outras vidas, ele utilizou para sustentar vícios;

11. O uso do fumo e da bebida podem ser parte de um acordo entre o médium e as entidades que trabalham com ele, o qual foi feito antes mesmo da encarnação do médium e se relaciona às necessidades de crescimento espiritual específicas do médium e/ou de seu grupo de trabalho. Nesse caso, o médium e/ou as entidades assumem o compromisso de trabalhar com esses elementos durante toda a encarnação do médium ou somente por parte dela, por uma ou algumas das razões expostas acima.  Essa possibilidade explica em parte a variedade de formas nas quais se vê Exu trabalhar (ou “ser cuidado”) em diferentes casas de Umbanda.

Finalmente, nos casos em que o Exu é um exu-quiumba, o que temos é um espírito ainda preso aos vícios da matéria que se utiliza de um médium despreparado para a extração de fluidos que saciem seu vício momentaneamente. Em certos casos, além de saciar o vício, esses espíritos podem se utilizar da energia contida nessas substâncias e no médium para a realização de trabalhos de transformação e manipulação da matéria para influenciar encarnados ou desencarnados.

Relatamos acima algumas possíveis razões pelas quais podemos ver um espírito na forma de um Exu fumando e/ou bebendo durante trabalhos mediúnicos. Feito isso, fica clara a importância de se lembrar da necessidade que tem o médium de buscar e desenvolver a sua responsabilidade e disciplina perante o mediunato.  Nos casos nos quais o uso de tais substâncias não fazem parte do programação superior para a encarnação do médium e/ou não são componentes de um processo natural do desenvolvimento da mediunidade, os descuidos do médium o levam a utilizar desses vícios durante a comunicação mediúnica, o que é muito prejudicial à entidade comunicante e ao próprio médium. Somente o equilíbrio e a segurança possibilitarão que o médium exerça as suas faculdades sem os desequilíbrios mencionados acima.

Infelizmente, pela falta de consciência de que cada médium processa sua mediunidade de uma maneira diferente do outro, por ser um indivíduo com características próprias, muitos médiuns são levados a uma conduta perante a mediunidade que simplesmente espelha a realidade de outro médium. É essencial que se entenda que é dentro do coração e da mente de cada médium que a entidade comunicante encontrará todos os requisitos necessários para o desenvolvimento de um trabalho baseado na realidade do mediador, que segue o programa natural para o seu desenvolvimento espiritual bem como o do grupo que o cerca.

Conclui-se, assim, que, de forma geral, nenhuma entidade de luz no trabalho da Umbanda necessita do fumo e da bebida no plano físico, através do médium. Isso se dá porque as entidades podem se utilizar de outros elementos equivalentes ou podem criar esses elementos espiritualmente, na maioria dos casos nos quais eles realmente fazem parte do trabalho da entidade.  No entanto, fica claro também que uma entidade iluminada pode se servir de tais objetos na prática do ritual conforme a necessidade do médium, do grupo, e do trabalho específico.  Além disso, concluí-se também que essas necessidades podem ser compatíveis com um trabalho de caridade sério e responsável.

Fonte: http://umbandausa.com

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“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.”

Allan Kardec.

Liga da Justiça Umbandista

Liga da Justiça Umbandista
O Homem de Bem O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado." Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz. Allan Kardec.