I - Dedico este texto aos tarefeiros do bem, de todas as correntes de
pensamento.
Há os que realizam passes, práticas bioenergéticas, Apometria,
consolação, esclarecimento, cura, conselho fraterno. Há os que escrevem livros,
ministram aulas e proferem palestras. Não importa como prestamos assistência ao
próximo, desde que o façamos com dignidade e honestidade de propósito. Estamos
na mesma condição: vivemos em mundo de provas e expiações, somos falíveis,
cheios de defeitos, em busca de reforma íntima e de servir à humanidade.
Um dia chega um espírito obsessor de uma manada de assediadores
extrafísicos. Aponta o dedo para o nosso repertório de erros, praticados nesta
e em outras reencarnações — como se o obsessor tivesse errado menos.
Nessas horas temos de dar uma resposta à altura — não é para convencer o
obsessor, mas para proteger nossa própria auto-estima de assédios morais que,
muitas vezes, levam a pique preciosas oportunidades de melhoramento íntimo e
projetos coletivos em benefício de toda a sociedade.
Este texto é genérico e, portanto, possui as limitações da generalidade.
Porém, fornece argumentos lógicos e honestos, complementados por notas de fim.
II - Sim, pratico muitos erros — alguns até lúcidos —, mas reencarnei
com coragem e estou aqui na luta, errando ainda, mas acertando também (1).
Sim, tenho minha “folha corrida” de defeitos, mas estou aqui
enfrentando, na marra, os desafios da reencarnação, enquanto você continua
neste atraso de vida, acumulando débito, perseguindo os que estão reencarnados
(2).
Sim, sou um velho espírito em novo corpo, mas não sou a mesma pessoa que
você me conheceu séculos atrás (3).
Sim, tenho medo, vergonha e vacilo na auto-estima e no perdão, mas
embora falhe, procuro dar o exemplo com minhas atitudes — não doutrino ninguém,
nem peço a outrem para fazer o que não consigo (4).
Sim, às vezes cometo velhos erros, mas não sou o mesmo. Mudei a mim
mesmo e mudei meu projeto de vida. Só mudará amanhã quem tenta hoje (5).
Sim, minhas fissuras cármicas são muitas. Se sou vítima, sou vítima de
mim mesmo. Mas, pelo menos, não mais prejudico ninguém por perversidade (6).
Sim, minha ignorância é patente e minha teimosia também, mas tenho
estudado bastante e, mesmo ainda vulnerável a armadilhas do ego, sirvo à humanidade
à minha maneira (7).
Sim, tenho momentos de hipocrisia, mas nem tanto quanto as trevas e seus
assediadores, que optaram por insistir no mal e sabem do mal que praticam, em
desafio inócuo à Lei Eterna, à qual me submeto da forma que posso (8).
Sim, às vezes fujo das minhas responsabilidades e da realidade que me
cerca, escondo-me no ócio, na preguiça ou no vício. Mas persisto, volto à luta
por dignificar a vida e a esperança de mim mesmo (9).
Sim, nem sempre estou em paz comigo mesmo, nem sempre tenho
discernimento, nem sempre faço a escolha mais ponderada, mas não vivo preso ao
ódio e entregue a projetos de vingança (10).
Sim, tenho momentos de blasfêmia e xingamento. Mas também tenho, em meu
íntimo, melhorado na prática da gratidão, do perdão e do amor ao próximo (11).
Sim, ainda tenho atitudes de arrogância, orgulho, egoísmo e vaidade, mas
já consigo vivenciar momentos de sincera modéstia e humildade sadia (12).
Sim, não sou boníssimo, mas não tenho má índole. Melhor caminhar em
câmera lenta para frente do que estagnar ou caminhar para trás (13).
Sim, não estou no “céu”, nem o mereço, mas já sintonizo com ambientes
mais elevados do que aqueles com os quais tinha afinidade em meu passado mulimilenar
ou mesmo recente (14).
Sim, sou fraco, mas enfrento, assim mesmo, as vicissitudes da vida e
ajudo meus companheiros de jornada evolutiva, pondo em prática alguns bons
exemplos de conduta, frutos da minha perseverança no melhoramento íntimo (15).
Sim, estou sempre tentando, de novo. Às vezes, fracasso. Tenho minhas
recaídas. Mas persisto. Há tempos reneguei o fracasso maior de teimar na
prática do mal lúcido e consciente (16).
Apesar de meus erros, não perco meu tempo monitorando a desgraça alheia.
Foco minhas energias em melhorar, o que, inexoravelmente, conseguirei (17).
III - Este texto-resposta foi criado pensando nos obreiros anônimos dos
centros, templos, casas, lojas e institutos, de cunho religioso, esotérico ou
espiritualista.
É preferível errar — com o perdão da expressão chula — sendo “meia-boca”
ao trilhar o caminho do bem do que primar pela excelência na prática do mal
(esta, sim, é o maior empecilho à evolução inexorável do espírito, o maior
gesto de fraqueza e estupidez que alguém pode ter).
Magos negros e seus asseclas baixam em casas de assistência, listam o
cabedal de erros e incoerências dos obreiros, sem ouvirem uma refutação
substancial e realista.
Não adianta apenas repetir à exaustão frases de efeito tiradas do Evangelho. Sejamos contundentes quando necessário e, ao mesmo tempo, lembremos que melhorar a si próprio é uma escolha de foro íntimo, que depende da nossa perseverança.
Não adianta apenas repetir à exaustão frases de efeito tiradas do Evangelho. Sejamos contundentes quando necessário e, ao mesmo tempo, lembremos que melhorar a si próprio é uma escolha de foro íntimo, que depende da nossa perseverança.
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NOTAS:
(1) Erro lúcido não se confunde com a consciente e lúcida opção pelo mal
(opção das trevas): erro lúcido significa comportamento consciencial
patológico, compulsivo, devido a uma brecha cármica, diferente do mal lúcido,
opção das trevas.
(2) Magos negros são exímios fujões da reencarnação. Sabem que não podem
enganar as leis cármicas e que, por isso, vão sofrer terrivelmente quando
reencarnarem — estamos em situação menos grave porque estamos reencarnando
periodicamente e, a cada reencarnação, nos melhorando, ainda que à custa de
muita dor e sofrimento.
(3) Assediadores extrafísicos perseguem seus desafetos. Os obsessores
tentam convencer (mesmo que por meio de sugestões subliminares) os obsediados
de que estes não mudaram, mas apenas se esconderam em novos corpos. Não
interessa. Estamos enfrentando as difíceis condições de uma reencarnação em um
mundo de provas e expiações e, a cada reencarnação, evoluímos, embora nem
sempre com a rapidez que gostaríamos.
(4) O problema não é possuir defeitos, mas querer convencer um obsessor
a perdoar, quando você também não perdoa. Jamais peça um espírito para fazer o
que você ainda não conseguiu. Tenha consciência das suas próprias fissuras.
Mais psicologia aplicada, menos demagogia.
(5) Temos compulsão a repetir os erros do passado. É importante tentar
melhorar todos os dias e tomar consciência desse processo.
(6) Todo obsessor aproveita as fissuras cármicas, os aspectos negativos
da personalidade do obsediado. Faz isso de forma consciente, intencionado à
prática do mal. Se você tem essa fissura, a culpa é sua e não do obsessor — ele
apenas entra pela porta aberta que temos de suar para fechar em definitivo.
(7) Não importa o que você é, algum bem você pode fazer. Eu uso meu
talento de escrever e lecionar, minha mediunidade e projeção (viagem astral).
Se você sabe cantar, cante músicas com letras positivas. Se sabe se comunicar
verbalmente, fale coisas boas (benéficas à humanidade). Se sabe distribuir
sopa, distribua. É importante que faça alguma coisa em prol de todos. Usar este
texto somente como oração decorada de nada adianta — tem de ter ressonância em
seu coração.
(8) Todos somos falsos em algum nível. Temos, por exemplo, as máscaras
do ego, bem como as máscaras sociais, profissionais e sexuais. A pior
hipocrisia é a do mal lúcido e consciente, própria de espíritos trevosos que
têm a desfaçatez de apontar os erros dos tarefeiros do bem, de gente que, mesmo
com suas imperfeções, efetivamente ampara a humanidade, na medida de suas
possibilidades.
(9) Há muitos tarefeiros em duras provas cármicas, lutando em sua
intimidade solitária para melhorar. Precisamos perseverar. As trevas se
alimentam da falta de esperança. O viciado tem tendência a procurar o vício —
nestes casos, só o amor auxilia, com eficácia muito além das críticas dos
colegas de jornada evolutiva, que não possuem esses vícios, mas possuem outras
brechas cármicas também profundas. Se há disputa em casa de assistência, o
obsessor já entra se achando o dono da razão.
(10) Sabemos que perdoar é difícil — nem por isso, devemos fazer
poupança de ódio ou ressentimento em nossos corações. Tem gente que todo dia
deposita mais um pouco de ressentimento na poupança do coração. Se, no momento,
não há condições de praticar o perdão, que, ao menos, não sejam alimentados
sentimentos tão francamente negativos como o ódio, sintonia certa para
obsessores.
(11) Não adianta proselitismo moralista — mais do que não ajudar,
atrapalha, por passar a impressão de que só vale a pena a conduta moral ideal,
absolutamente irrepreensível, o que nos desanima, considerando o precário
estágio evolutivo da humanidade terrestre. Temos nossos rompantes de estupidez.
Porém, temos também momentos de bênção e poesia — se não têm, crie-os. A
evolução espiritual não se faz da noite para o dia, em saltos quânticos.
(12) Apesar dos nossos rompantes, mantém-se indispensável buscar —
intensamente e com sinceridade profunda — a modéstia, a paciência e o perdão
sinceros. Conheça a si próprio e se esforce para não repetir os erros passados.
Não se culpe, não se condene e procure não deixar a auto-estima cair. É preciso
buscar autoconhecimento por meio de meditação e reflexão — técnicas diferentes
e igualmente eficientes.
(13) Não somos nem anjos nem monstros — temos atributos de um pouco dos
dois. Piores são as trevas que, por escolherem a maldade lúcida, agravam a
própria “folha corrida” cármica dia-a-dia, em círculo vicioso. Já nós, pelo
menos, avançamos na senda evolutiva, ainda que lentamente.
(14) Orai e vigiai, orai e bioenergizai. Façamos a nossa parte, tendo
prudência e vigilância em relação a nossos pensamentos e sentimentos e mantendo
as orações e as práticas bioenergéticas em alto nível.
(15) As trevas são covardes: atacam em silêncio, dispondo de
invisibilidade e se aproveitando da ignorância e da arrogância humanas. Nós,
tarefeiros do bem, apesar de nossos defeitos, temos a virtude de trabalhar com
a cara limpa.
(16) A gente tenta, fracassa e, às vezes, desanima. A vida é para isto:
perseverar. Se você se entrega, perdeu a razão. Fracassadas são as trevas, que
optaram — de forma lúcida e consciente — pela sistemática prática do mal. Terão
de pagar ceitil por ceitil, em dezenas de reencarnações.
(17) Quer pobreza de espírito e atraso de vida maiores que vigiar (e
fofocar sobre) os erros alheios? Quem faz isso tem a vã pretensão de preencher
o vazio interior com o prazer de manchar a reputação dos outros.
Por Dalton Campos Roque
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