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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Mediunidade e Humildade - Por um Exu Mirim da Calunga


     Então é isso aí: O estudo esclarece; se esclareceu, você aprende; se aprendeu, você pratica; se praticou, você vive; se você viveu... já foi.  Só o estudo abre, só o estudo quebra a ignorância da alma.  Estudo sobre geografia, história, física, química, sobre Jesus, sobre Exu...  Quanto mais você estuda, mais você entende a vida. É por aí.

      Cada dia que passa, vocês estão mais compenetrados no trabalho, sentindo a essência dele.  Então, quando formos estudar a parte prática da Umbanda, é porque cada um de vocês está preparado para isso.  Aí você pode falar assim: “Mas eu cheguei no trabalho só faz um mês...”.  Olha, eu conheço gente com 50 anos de Umbanda que não está fazendo nada.  Não é por aí, não.  Sábio não é quem sabe muito.  Sábio é quem sabe usar o que sabe.  Essa é a verdadeira sabedoria: usar o que você sabe.  Eu acho que vocês já estão com muita coisa pra usar, viu... muita coisa.  Porque o preparo não tem sido só nos estudos de terça-feira; o preparo é um todo, ele tem sido a soma de todas as experiências de vocês: os trabalhos, as repetições do Exu Mirim, do Seu Zé, dos Guias... são os trabalhos em uma maneira geral.  Se vocês pararem e se analisarem, vão perceber uma grande mudança de esclarecimento.  A cada dia o trabalho cresce mais, espiritualmente, porque a cada dia vocês estão crescendo mais, porque quem faz o trabalho são vocês.

      Cada grupo tem sua realidade, cada grupo está realizando o seu papel, mas é dado a cada um o que cada um pode receber.  Eu vou repetir: o que determina o nível espiritual do trabalho são os médiuns e a assistência.  A intenção de vocês vai determinar o que é que o trabalho pode realizar.  É por esse e outros motivos, que a casa de vocês tem trabalhos 24 horas por dia.  Espíritos chegam doentes de todas as maneiras, vão deitando nas camas, sendo operados, atendidos pelas enfermeiras, enquanto a fila continua grande.  Chegam espíritos suicidas, espíritos para estudar o trabalho... palestras e palestras e palestras sobre a vida espiritual, sobre Jesus, usando o magnetismo de vocês.  Por isso é que a casa já é o que é.  Vocês lembram quando o caboclo Tupinambá pegou nos documentos e falou: “A casa é grande, mas não é grande porque tem muita gente; é grande porque é grande de coração”.  Vamos entrar nessa essência.

        Cada um de vocês aqui é candidato a espírita.  Não são candidatos a médium porque vocês já nasceram sendo médiuns.  O verdadeiro espírita é o verdadeiro cristão; você reconhece o bom espírita por suas obras.  O verdadeiro espírita, como está no livro sagrado, é aquele que luta a cada dia para domar as suas más tendências, é aquele que luta a cada dia pela sua reforma íntima, é aquele que luta a cada dia pela sua espiritualização.  Nós só vamos conseguir chegar lá, na mediunidade bem desenvolvida—que é a intenção da casa—pela mão de vocês, pelo esforço próprio de cada um.  Não é na hora do trabalho [de atendimento], porque na hora do trabalho as coisas vem de graça, porque a mediunidade já está em cima, mas é no dia-a-dia.

        O que mais atrapalha o médium e destrói a mediunidade dele é a falta de humildade.  Por isso é que é importante estudar e praticar a humildade lá fora e aqui dentro, entre vocês, antes de dar consultas e praticar a mediunidade.  Eu vou dar um exemplo simples.  Conheço um terreiro, de um médium chamado Seu João, que tem 69 anos.  Há mais ou menos uns 10 anos, o neto dele, que acompanhou o Seu João a vida inteira, passou a ser o encarregado pelo terreiro.  Há uns 3 ou 4 anos, o neto desenvolveu a mediunidade e começou a trabalhar.  Acontece que o mentor do Seu João não dava espaço para os guias do neto (e quando eu falo “não dava espaço para os guias” eu quero dizer que ele não dava espaço para o médium, viu?  Vocês estão mais do que cientes que os guias estão trabalhando em vocês a qualquer hora, quando vocês estão aqui, quietos.  O guia só quer saber de trabalhar; ele trabalha e trabalha duro.).  Então o médium, por falta de humildade, abandonou o terreiro do avô e ficou, nos últimos anos, passando de terreiro em terreiro.  Agora ele voltou para o terreiro do avô, mas você sabe com qual intenção?  Tomar conta do terreiro quando o avô morrer.  Sabem por quê?  Porque ele tentou abrir o terreiro dele e não conseguiu.  Além disso, não se adaptou em terreiro nenhum.  Ele foi levando os problemas dele para cada terreiro que ele foi, está lá no terreiro do avô com todos os seus problemas em cima, só esperando o avô morrer para ele poder tomar conta e dizer “esse é o meu terreiro”.  Aonde está a essência disso aí?

          Eu dei um exemplo para vocês porque o médium, sem a humildade, não chega a lugar nenhum.  Seria fácil para o Seu Zé, que chamou cada um de vocês, colocar vocês na Gira, deixar incorporar sem estudo nenhum e dar um canto pra vocês, dizendo: “se vira”.  Isso é uma maneira de agir; outra maneira é escolher formar o médium.  Isso aqui [o estudo de terça-feira] está sendo uma escola.  Se você parar e analisar tudo que já estudou, você vai ver que isso aqui está sendo uma grande escola.  Tem uma diferença entre essas duas maneiras de agir.  Não é para acontecer aqui o que se vê em outros terreiros, com médiuns e pessoas da assistência levando questões fúteis e de ordem material para os guias.  Isso não é para acontecer porque vai de encontro com os estudos e o propósito da casa, o propósito de formar os médiuns.  Formar o médium é formar o cidadão, é formar você para ser feliz, é formar você para se relacionar bem dentro da sua família, no seu trabalho, no trânsito, na rua, com os seus problemas, entre vocês e abrir um canal enorme entre você e as energias positivas.  Aí a mediunidade vem e encontra uma boa estrutura.  Até lá, a sua mediunidade vai sendo “segurada”.

         Isso não significa que vocês estão sendo subestimados e que só o meu cavalo [Paulo Antônio] pode atender incorporado; estou dando esse exemplo por causa da festa dos Ciganos [ocorrida no dia 13 de outubro de 2002] quando foi passado que só o Juan iria atender.  Isso não significa que o Juan seja “melhor” do que qualquer outro cigano (porque não existe “o melhor”, existe, sim, aquele que quer fazer o bem e é para isso que eles estão aí) e não significa que o médium esteja sendo subestimado.  Isso foi feito porque, além de todo o processo de aprendizado que cada médium teve, o fator “humildade” foi jogado em cima.  Vocês sabem porque?  Porque quem não agüenta a pressão sai; não agüenta.  Quem não agüenta, fadiga e sai.  Não achem que eu estou brincando, eu não estou, não estou.  Você pode falar assim: “O Exu Mirim está ‘viajando’”.  Eu não estou.  Se você não me entende agora, você vai poder me entender depois.

      Vou dar um exemplo — já sendo uma prévia da explicação sobre a camarinha.  Quando os guias do médium pedem, o médium é encaminhado para fazer a camarinha e receber uma imantação, para estar “preparado”, com todas as energias afinizadas para que comece o atendimento sem se prejudicar (mas isso não quer dizer que o médium que esteja atendendo sem ter feito a camarinha esteja sendo prejudicado, porque, nesses casos, já houve toda um preparação... a camarinha é um símbolo). Bom, suponham que, depois de fazer a camarinha, o médium não é chamado para atender [com o seu guia, aos consulentes].  Se esse médium não tiver humildade, em 6 meses ele está fora da casa.  Ele pode se perguntar, “porque é que não estou ‘trabalhando’?”. Se ele sabe que é um médium de incorporação e não tem humildade dentro dele, eu não dou 6 meses para ele sair da casa.    E aí, cadê o amadurecimento?  Cadê a essência?  E aí, cadê a noção de espiritualidade, de saber que o espírito trabalha com você realmente, no seu pensamento, na sua atitude.  Cada um de vocês tem que saber que vocês são um só.

       Vai chegar a etapa para tudo e, quando essa etapa chegar, ela chega com um preparo.  Só vai dar errado se você quiser realmente dar murro em ponta de faca.  Isso [o preparo, o estudo] elimina a chance de erro, porque vocês sabem que a mediunidade é um campo muito amplo e vocês tem muita condição de se atrapalhar.  Todo o médium que experimenta o fenômeno sabe disso e alguns de vocês, inclusive, podem ter tido experiências em outras casas, não só de Umbanda, mas Kardecista também.  Está tudo bem até uma agulha invadir o coração...  Isso acontece até em locais onde há estudo, estudo, estudo... e “deu pau”.  E quando isso envolve a mediunidade junto?  Isso são coisas que vocês vão entendendo...

      Vamos desenvolver o amor, vamos ser cristãos, vamos amar, vamos ser espíritas e vamos desempenhar o trabalho direitinho.  Esse é o crescimento de cada dia e os guia estão aí, trabalhando, sem parar.

       O meu tempo já foi, e nós vamos aí, nesse rumo.  Muita paz pra vocês, saúde, força, fé, bons trabalhos, uma boa semana... e é isso aí.

 
Mensagem transmitida pelo Exu Mirim em 15 de outubro de 2002, na fase final da reunião de estudos mediúnicos.
Fonte: http://www.umbandausa.com/

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Não haveria luz se não fosse a escuridão...

“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.”

Allan Kardec.

Liga da Justiça Umbandista

Liga da Justiça Umbandista
O Homem de Bem O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado." Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz. Allan Kardec.