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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Exu




“O guardião das trevas,
nunca deixará o devedor impune,
nem de amparar quem merece.”


Pai Exu, é o guardião dos caminhos, e das encruzilhadas. Vigia as passagens, abre e fecha os caminhos. É ele quem faz a comunicação entre os seres humanos e os demais Orixás. Quando se faz alguma oferenda e pedido aos Orixás, é Exu quem transporta a oferenda (essência) e a mensagem. É essa uma das razões, porque Exu deve ser sempre ofertado primeiro que todos. Inclusive nas casas de culto, Exu e Pomba Gira – seu complemento feminino, são sempre saudados e oferendados antes de se iniciar qualquer ritual.

Mas além de mensageiro, é Exu quem protege os médiuns e as casas de culto, de espíritos perturbadores, para que a caridade possa ser praticada durante os rituais, e durante o atendimento.
Exu e suas falanges, são os “soldados” dos Orixás. Cada Orixá tem o seu Exu ou Pomba Gira correspondente, que representa o seu pólo negativo, o seu representante ou serviçal nas trevas. E como cada Orixá tem várias qualidades dependendo do seu campo de actuação, para cada qualidade diferente há um Exu ou Pomba Gira chefe de falange correspondente, que por sua vez comanda a sua enorme falange, que se vai dividindo hierárquicamente.

Costuma-se dizer que cada Exu chefe de falange, comanda sete sub-chefes, que por sua vez cada um comanda mais sete, e assim se vai multiplicando sempre por sete. Sendo os que ocupam cargos mais altos dentro da hierarquia, os mais evoluídos, com mais luz e conhecimento, normalmente chamados de “tronados” e “coroados”, e os que se encontram mais abaixo, são os espíritos sem luz e trevosos que foram recrutados, e lhes foi dada a oportunidade de evoluírem servindo a luz nas trevas.

Os Exus atuam no baixo astral, combatendo os espíritos trevosos e demoníacos, e são os responsáveis pela estabilidade e equilíbrio nas trevas, sempre sob a luz da lei e da justiça divina.
Foram infelizmente sincretizados como diabos e demônios pela igreja católica, e não só. Atualmente existem algumas igrejas que os utilizam erradamente como rótulo da maldade, e responsáveis pelos males do mundo. Esta visão errada, deve-se em parte ao fato de que quando incorporados em seus médiuns, costumam falar de jeito maroto, dançam de forma sensual, dizem piadas, bebem álcool, e aceitam muitas das suas oferendas em encruzilhadas, juntando ainda o facto de usarem as cores preto e vermelho, que lhes dá ainda um ar mais sombrio.

As pessoas que são médiuns videntes, quando os veêm, conseguem ver que usam por vezes tridentes ou outras armas astrais, uma roupagem fluídica, e uma forma grotesca e assustadora. Tudo isso para intimidar e amedrontar, os seres do baixo astral com que têm de lidar.

Ora todos estes fatos e relatos, incluindo seus métodos agressivos de atuar, fizeram com que Exu fosse representado como tendo chifres, pés de bode, garras, tridentes, e tudo de maneira a parecer o mais demoníaco possível. Mas Exu não é demônio. Exu protege os encarnados dos seres demoníacos que vivem no Umbral mais denso e negativo. Exu é o braço armado de Deus nas trevas, é o policia do astral. Por vezes, sua maneira de atuar, pode parecer demasiado ofensiva e até maldosa, mas é necessário, pois os seres demoníacos das trevas não entendem outra linguagem. A picada de um escorpião, é combatida com o seu próprio veneno...

Hoje em dia, seu símbolo mais usual é o tridente, mas em África, ainda costuma ser representado como um falo, como era inicialmente. Representando assim, o aspecto sexual que possui, associado á copula e á virilidade.

Exu tem também o poder oracular, pois como se costuma dizer:

Exu tudo sabe, tudo ouve, tudo vê, e tudo transmite. É por isso muito procurado e apreciadas suas consultas quando incorporado em seus médiuns, pois logo vai falando e tentando arranjar solução para todos os problemas. Nas lendas Iorubás, foi Exu quem trouxe aos homens o Oráculo de Ifá – os dezesseis odus com que se joga o jogo de búzios.

É costume dizer-se, que Exu tem duas cabeças, uma que olha em frente e outra que em simultâneo olha para trás. E na verdade é quase isso, pois Exu vive na dualidade.

Sabe fazer o bem, mas conhece o mal. Serve os seus interesses, mas também o interesse alheio. Caminha direito em caminhos tortos, caminha torto em caminhos tortos, só não caminha direito em caminhos direitos.

Sendo Exu um elemento neutro, só atua de duas maneiras: ou ativado pela lei maior e atua como agente cármico; ou ativado pela magia.

Como agente cármico, é o responsável por esgotar o cárma dos seres, atuando sempre sobre as ordens dos amados Orixás, fazendo cumprir a lei e a justiça divina. Como agente mágico, atua quando é oferendado ritualisticamente, por quem conhece os mistérios da magia, atuando sempre na neutralidade, e declinando sempre as responsabilidades em quem o ativou e lhe pagou. Mas neste caso, é preciso ver que existem vários graus dentro da hierarquia dos Exus, e quanto mais elevado o grau, mais conhecimento e luz possuem. Sendo que só aceitam trabalhos de magia para prejudicar alguém, ou interferir no livre arbítrío dos seres, os Exus que têm pouco grau ou nenhum. São Exus que não têm ainda luz, e não sabem a diferença do bem e do mal. Inclusive, na maior parte das vezes nem são Exus, mas sim Kiumbas – espiritos caidos, do baixo astral, que se fazem passar por eles para se saciarem com as oferendas. Os verdadeiros Exus de lei não aceitam estes trabalhos, pois têm conhecimento e luz suficiente, para entenderem que se o fizerem, estarão a ofender a lei maior e serão castigados, despromovidos nas suas hierarquias, e atrasada sua evolução. E se por acaso, alguém tenta activá-los magisticamente para estes trabalhos, eles se viram contra quem os activou.

Infelizmente estes Kiumbas farsantes de Exu e Pomba Gira, conseguem muitas vezes penetrar em rituais nos terreiros de Umbanda, Candomblé e outros cultos Afro, fazendo passarem-se pelo que não são, aumentando ainda mais a má fama de nossos irmãos Exus e Pomba Giras.

Estas situações acontecem frequentemente, nas casas que não têm a proteção de Exus de lei como deveriam. Ora porque o dirigente da casa, é um pai ou mãe de santo farsante e a casa não tem fundamentos nenhuns, ou os que tem estão mal feitos e sem conhecimento; ou porque a própria casa, é muito dada e ligada a magias negras, e assuntos que nada têm a ver com a caridade e evolução espiritual.

Existem lamentavelmente, alguns casos tristes de atuações destes Kiumbas, pois conseguem tão astutamente enganar as pessoas, que chegam até a pedir sexo em troca de favores. Em geral, encharcam-se em álcool, gostam de vestir-se de maneira exageradamente sensual (quase despidos), fazem gestos obscenos e usam um baixo calão. Falam quase sempre em sexo, e gostam de se exibir, provocar e humilhar os demais, chegando inclusive ao ponto de exporem em frente aos outros, a vida pessoal das pessoas que vão em busca de ajuda.

É também verdade, que por vezes é necessário um Exu ou Pomba Gira, falar rude com o consulente de maneira a que leve um “choque”, mas um Exu ou Pomba Gira de verdade, em geral, fala só e diretamente com a pessoa, procurando sempre ajudá-la, não fazendo nunca com que se sinta pior do que já está. Outra verdade, é que por vezes, e em algumas casas, os verdadeiros Exus e Pomba Giras, deixam que os Kiumbas penetrem, criando “armadilhas”, para depois os capturarem e encaminharem na senda da evolução, segundo a justiça divina e a lei maior.

Desmantelando em seguida esses terreiros, causando problemas, doenças, ou outras causas que vão afastando os médiuns, deixando os dirigentes sós e a contas com a justiça divina.

De qualquer forma, todos os seres que vivem do mal, ou fazendo mal a outros, vão ter sempre mais cedo ou mais tarde, o retorno do que fizeram.

Convém também lembrar, e em especial aos que são médiuns ou de alguma forma estejam ligados ao espiritual, que pela lei das afinidades, só pode atrair bons fluidos e espíritos de luz, quem de fato gerar em si sentimentos virtuosos e tenha ações nobres. Pois caso contrário, más ações e sentimentos negativos, só atrairão Kiumbas, maus fluidos, e espíritos trevosos.

Os seres do baixo astral, são alimentados pelas más atitudes, maus pensamentos e sentimentos dos seres encarnados, ou desencarnados. Cada mal que praticam leva-os para níveis mais baixos, provocando ainda mais revoltas. Alguns caem tanto, que perdem a consciência humana e os seus corpos astrais, e chegam a transformarem-se em figuras grotescas e horrendas.
Em geral, considera-se que no Umbral existem sete níveis negativos, sete camadas onde vivem e se purgam os seres trevosos. Considerando-se que as ultimas duas camadas mais baixas, estão na total ausência de luz, e são habitadas por seres demoníacos que perderam na totalidade a consciência humana. São estes seres que os Exus combatem principalmente, pois vivem na maldade pura, e sempre tentando capturar para as suas hostes mais espíritos caídos, levando a humanidade para a parte negativa.

Em outro aspecto, é Exu quem irradia nos seres a vitalidade, em especial o vigor físico e sexual. Exu pode vitalizar, isto é, aumentar ainda mais as qualidades vibradas nos seres pelos Orixás, ou desvitalizá-las conforme as necessidades e merecimento dos seres. Um Exu, tanto pode punir o ser que se desvirtuou e se afastou da irradiação luminosa dos Orixás, desvitalizando-o e paralisando-o, esgotando o seu cárma. Como o pode irradiar e vitalizar, enchendo-o de força, de energia e vigor, caso o ser caminhe no sentido correto da lei divina. Sempre protegendo o ser, sem nunca interferir no seu livre-arbítrio, congratulando-se quando o seu protegido caminha no sentido da evolução, e sofrendo sempre com as suas quedas.

A atuação dos Exus, Pomba Giras e os amados Orixás, englobam tudo e todos. Não só as religiões Afro-Brasileiras, mas todas as existentes no planeta, pois todas têm o seu pólo positivo e o negativo. Como é lógico, têm diferentes denominações, consoante as diferentes religiões, zonas e culturas, mas sempre de maneira a que possam desenvolver as suas missões, na realidade material e nos planos subtis.

Apenas para terminar e dar um exemplo, na cabala judaica, os Exus têm nomes que derivam do latim e das religiões pagãs. Chamando por exemplo “Astaroth” ao Exu Rei das Sete Encruzilhadas, “Hael” ao Exu da Meia-Noite, “Fleuruty” ao Exu tiriri, “Belzebu” ao Exu-Mor, e “Klepoth” á Pomba Gira. Em alguns paises orientais, a Pomba Gira Maria Padilha é conhecida por “Shinji”.

               Imagem e texto extraidos do livro: " Orixás em poesia " de Paulo Lourenço (Ramiro de Kali) Copyright © 2008

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“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.”

Allan Kardec.

Liga da Justiça Umbandista

Liga da Justiça Umbandista
O Homem de Bem O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado." Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz. Allan Kardec.