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terça-feira, 9 de agosto de 2011

O Ensino De Filosofia e o Mistério da Encruzilhada



Diz a sabedoria nagô que a encruzilhada suscita movimento e mistério, reino de Exu, o ponto de interseção de um feixe de caminhos, se traduz como o momento da escolha, seu ônus e seu bônus.

De um lado, existem aqueles que tomam seus rumos decididamente e não pensam nas demais possibilidades, aparentemente não escolhem, decidem. Entretanto, a decisão é por si só uma escolha, seja ela consciente ou não.

De outro lado, existem aqueles que, contrariamente, têm imensa dificuldade em escolher, se mantêm nas encruzilhadas por longos períodos, regidos pelo “e se”,inconscientes de que a não escolha é também, por si só, uma decisão, reduzem seu universo ao ambiente da encruzilhada, em si mesmo movimento, ponto de chegada e de partida do e para o mundo.

A encruzilhada é o ambiente da aporia e da dialética, seara de Exu, nela todo sentido torna-se o contrário do esperado, todo não sentido ou objeto da não escolha se traduz como dúvida e angústia.

Eis o mistério da encruzilhada: optar é sempre negar.

Filosofia é encruzilhada. Agem como Exus aqueles que atribuem à Filosofia o poder de ensinar a refletir, já que é próprio de Exu confundir; do ponto de vista da encruzilhada todos os caminhos se assemelham e é isso que produz a dúvida, é isso que dificulta ou impede a escolha.

Em filosofia a encruzilhada de todos os caminhos é a não solução, já que toda solução pressupõe seu contrário, seu avesso, seu oposto e seu complemento.

Cabe à filosofia não escolher e, com isso, suscitar escolhas. Somos aprendizes de Exu, nos iniciamos na arte de dissimular, de mostrar como verdade o que contradiremos logo a seguir.

Como Exus somos capazes de produzir mundos mágicos, abstratos, sem qualquer tipo de concretude, inventamos a felicidade, a liberdade, o infinito, o eterno e, no auge da criatividade, inventamos Deus, entes metafísicos, improváveis, mas graças às lides de Exus, absolutamente pensáveis, caminhos múltiplos de uma encruzilhada invisível e, nelas, escolhemos, decidimos,nos irmanamos, nos indispomos e nos contrapomos, erguemos fundamentos igualmente invisíveis, dizemos com a maior firmeza que quando duas ou mais pessoas estão reunidas em nome Dele, ali se ergue uma igreja.

Isso nos leva a uma outra manobra de Exu: a metáfora, o sentido figurado; essa manobra nos permite dar às palavras sentidos absolutamente improváveis,um arsenal poderoso para aquele que aprendeu com ele a lição das lições: a retórica, o discurso, a mágica da significação. As palavras têm poder, formam corpos-pensamento, são capazes de alterar o humor, de depor reis, de destruir e erguer impérios. Essa manobra habilidosa de Exu possibilitou aos seus devotos dominar a própria natureza em seu duplo sentido: em si mesma e para nós próprios.

A natureza em si é aquela que nos faz acreditar na nossa capacidade criadora e, a partir disso, nos transporta para fora dela; ao passo que a natureza para nós é a massa informe que moldamos à nossa imagem e semelhança, um jogo de palavras com tamanho poder realizador que produziu as duas filhas diletas do homem: a matemática e a ciência.

Filosofia é encruzilhada de tal monta que é possível, graças a Exu, destituir lhe a paternidade e filosofar sem se sequer mencionar os gregos.

Por: Guilherme Augusto Rezende Lemos
Fonte: http://www.hispanista.com.br/

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“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.”

Allan Kardec.

Liga da Justiça Umbandista

Liga da Justiça Umbandista
O Homem de Bem O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado." Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz. Allan Kardec.