Anjos
Segundo a conceituação da palavra, anjo é o ser espiritual que exerce o
ofício de mensageiro entre Deus e os homens.
Todas as religiões têm tido a intuição da existência destes mensageiros
sob vários nomes. Já o materialismo, negando a existência espiritual,
classifica os anjos como ficção ou alegoria.
A crença nos anjos é parte essencial dos dogmas da igreja. O princípio
geral resultante dessa doutrina é que os anjos são seres puramente espirituais,
anteriores e superiores à humanidade, criaturas privilegiadas e votadas à
felicidade suprema e eterna desde a sua formação, dotadas por sua própria
natureza de todas as virtudes e conhecimentos, nada tendo feito para
adquiri-los. Estão, por assim dizer, no primeiro plano da criação.
Que haja seres dotados de todas as qualidades atribuídas aos anjos, não
restam dúvidas. A Revelação Espírita neste ponto confirma a crença de todos os
povos, fazendo-nos conhecer, entretanto, a origem e natureza de tais seres.
Anjos são Espíritos que como todos os outros foram criados, como já
dissemos anteriormente, simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos nem
consciência do bem ou do mal, porém aptos a conseguir o que lhes falta através
do trabalho árduo da evolução. Se o trabalho é o meio de aquisição da
sabedoria, a perfeição é a finalidade. Conseguem-na mais ou menos prontamente
em virtude do bom ou mau uso do livre-arbítrio, e na razão direta de seus
esforços. Todos têm os mesmos degraus a franquear, o mesmo trabalho a concluir.
Deus não aquinhoa melhor a uns do que a outros, porque é a própria Justiça; e,
visto serem todos seus filhos, não tem predileções.
Portanto anjos não são seres especiais, mas espíritos que já passaram
por este processo. Acham-se no mais alto grau da escala e reúnem todas as
perfeições.
Muitas das vezes, são designados com esse nome todos os seres bons e
maus que estão fora da humanidade. Diz-se “o anjo bom” e “o anjo mau”; “o anjo
de luz” e “o anjo das trevas”. Mas a doutrina quando fala de anjo, refere-se a
Espírito Puro. Quanto aos anjos guardiões, espíritos encarregados de
proteger-nos e nos livrar do mal, melhor seria chamá-los de “Guias Espirituais”.
A Humanidade não se limita à Terra; habita inúmeros mundos que no espaço
circula; já habitou os desaparecidos e habitará os que se formarem.
Muito antes que a Terra existisse e por mais remota que a suponhamos,
outros mundos havia, nos quais Espíritos encarnados percorreram as mesmas fases
que hora percorrem os de mais recente formação, atingindo seu fim antes mesmo
que houvéra-mos saído das mãos do criador. De toda eternidade tem havido, pois,
puros Espíritos ou anjos; mas, como a sua existência humana se passou num longínquo
passado, eis que os supomos como se tivessem sido sempre anjos de todos os
tempos.
Realiza-se assim a grande lei da unidade da Criação; Deus nunca esteve
inativo e sempre teve puros Espíritos, experimentados e esclarecidos para a
transmissão de suas ordens e direção do Universo, desde o governo dos mundos
até os mais ínfimos detalhes. Tampouco teve Deus necessidade de Criar seres
privilegiados, isentos de obrigações; todos, antigos e novos, adquiriram suas
posições na luta e por mérito próprio; todos enfim são filhos de sua própria
obra.
E, desse modo, completa-se com igualdade a Soberana Justiça do Criador.
Demônios
A palavra demônio vem do grego daimónion, pelo lat. daemoniu.
Nas crenças da Antigüidade e no politeísmo, a palavra demônio significa
gênio inspirador, bom ou mau, que presidia o caráter e o destino de cada
indivíduo. Seria o mesmo que alma, ou espírito.
Nas religiões judaica e cristã, anjo mau que, tendo-se rebelado contra
Deus, foi precipitado no Inferno e procura a perdição da humanidade; gênio ou
representação do mal; espírito maligno, espírito das trevas; Lúcifer, Satanás,
Diabo.
Portanto o termo demônio, na sua origem, não implica idéia do Espírito
mau. Só a significação vulgar da palavra nos dá a entender que seriam seres
essencialmente mal fazejos.
Sendo criação de Deus, e sendo Este soberanamente justo e bom, é ilógico
ter criado seres predispostos ao mal por sua natureza, e o que é pior, serem
eles condenados por toda a eternidade.
O dogma das penas eternas deve prender-nos a atenção. Arma temível nas
mãos da igreja, nas épocas da fé cega, ameaça suspensa sobre a cabeça do homem,
ele foi para esta instituição um instrumento incomparável de domínio.
Donde procede essa concepção de satanás e do inferno? Unicamente das
noções falsas que o passado nos legou a respeito de Deus. Toda a Humanidade
primitiva acreditou nos deuses do mal, nas potências das trevas, e essa crença
traduziu-se em lendas de terror, em imagens pavorosas, que se transmitiram de
geração a geração, e inspirando grande números de mitos religiosos.
Essas potências malignas foram personificadas, individualizadas pelo
homem.
Desse modo, criou ele os deuses do mal. E essas remotas tradições,
legado das raças desaparecidas, perpetuadas de idade em idade, encontram-se
ainda nas atuais religiões.
Daí Satanás, o eterno revoltado, o inimigo eterno do bem, mais poderoso
que o próprio Deus, pois que reina como senhor do mundo, e as almas criadas
para a felicidade caem, na maior parte, debaixo do seu jugo.
Os homens fizeram com satanás, ou demônio, como queiram, o que fizeram
com os anjos. Da mesma forma que acreditaram em seres perfeitos de toda a
eternidade, tomaram os Espíritos inferiores, aqueles que ainda se acham
estagnados na ignorância sem simplicidade, por seres perpetuamente maus.
Portanto, a doutrina Espírita nos convida a ver nos chamados demônios,
Espíritos impuros que, freqüentemente, não valem mais que as entidades
designadas por tal nome, mas com a diferença de que eles não foram sempre
assim, e seu estado é transitório. São Espíritos imperfeitos que murmuram
contra as provas que devem suportar, e que, por isso, suportam-nas por mais
tempo. Chegarão, porém, por seu turno, a sair desse estado, quando o quiserem.
Essa a grande diferença, de um lado a doutrina da igreja, a nos ensinar que os
demônios teriam sido criados bons e tornaram-se maus por sua desobediência, ou
seja, anjos colocados primitivamente por Deus no ápice da escala, tendo dela
decaído. E de outro, a Doutrina Espírita que diz que os demônios são espíritos imperfeitos,
suscetíveis de regeneração e que colocados na base da escala, hão de nela
graduar-se pela sua própria vontade e esforço.
Livro: Apostila do Curso de Espiritismo e
Evangelho
Centro Espírita Amor e Caridade - Goiânia – GO –
1997
Fonte: www.autoresespiritasclassicos.com
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