Conforme já estudamos
no texto “Exu o Guardião do Templo”, na doutrina umbandista seguida pelo Núcleo
Mata Verde chamamos de Guardiões aos Exus que trabalham na Umbanda.
Este Guardião é um
Exu de Lei e conforme estudado anteriormente possui as seguintes características:
1) Um dia foi um
espírito sem rumo, que provavelmente trabalhava negativamente, ou era dominado
por espíritos negativos.
2) Em um determinado
momento se aproximaram da Lei da Umbanda e mudaram sua forma de pensar e agir,
de “vagabundos” passaram a ser os maiores trabalhadores.
3) Foi designado a
estes espíritos a função de tomarem conta da Casa de Oxalá, ou seja, tomarem
conta do Terreiro de Umbanda, da Lei de Umbanda.
4) São espíritos
fortes, e quando necessário, podem usar de meios duros para afastarem e punirem
os indesejáveis.
5) São os espíritos
responsáveis por todas as encruzilhadas.
Hoje iremos tratar
sobre os Exus Pagãos e os Exus de Lei.
Percebemos que
atualmente existe um “endeusamento” dos
trabalhadores da Umbanda conhecidos como Exu, alguns autores acabam atribuindo
ao Exu características que seriam do próprio criador, o que em nossa opinião é
um grande erro.
Por outro lado,
existem alguns umbandistas que ainda defendem a ideia que Exu é o demônio, o que
é também um grande equívoco.
Normalmente naqueles
terreiros, que possuem uma forte influência Católica, o sincretismo com o
demônio ainda impera.
Em nossa opinião um
dos culpados por esta visão deformada dos Exus na Umbanda foi o escritor
Aluizio Fontenelle.
Aluizio Fontenelle
foi o primeiro a escrever sobre Exu na Umbanda e na Quimbanda, e no livro Exu
apresentou uma relação entre exus e os demônios.
Aluizio teve a
infeliz ideia de relacionar os Exus com os diabos das Tradições
judaico-cristãs.
Aluizio Fontenelle
nasceu em 23/05/1913 e faleceu em 03/01/1952 publicou vários livros sobre Espiritismo
e Umbanda.
Infelizmente após
este livro, a ideia de que Exu da Umbanda era um ser maligno, ganhou força e
dominou a mente de vários umbandistas.
Pessoas de mente
fraca, sem conhecimento doutrinário começaram a ver os ditos exus demônios e as
imagens dos exus-demônios começaram a proliferar nas lojas especializadas neste
tipo de comercio.
Alguns Terreiros
chegam ao extremo de não trabalharem com a linha dos Exus, exatamente devido a
este preconceito.
Vamos, portanto
escrever um pouco sobre este conceito existente na Umbanda.
Até alguns anos atrás
era comum você estudar e compreender esta linha de trabalho a partir das
nomenclaturas de Exu pagão e Exu de Lei, infelizmente alguns autores deixaram
de lado este conhecimento antigo e passaram a endeusar os Exus, gerando muita
confusão no meio umbandista, principalmente entre os mais novos, recém-chegados
a Umbanda.
É importante lembrar
que quando estamos estudando os Exus, é muito importante não misturar
fundamentos.
Existe grande
diferença entre o conceito de Exu orixá no culto de Nação.
Exu Guardião ou Exu
de Lei da Umbanda.
E o Exu da Quimbanda.
Este texto irá
estudar o Exu na Umbanda, não nos interessando neste momento outros conceitos
existentes nos outros cultos.
A Umbanda é um culto
voltado a pratica da caridade, é uma religião que tem como finalidade principal
promover o encontro de seus adeptos com o criador. Este processo se faz através
dos Orixás, Guias Mentores e Protetores.
Na Umbanda não existe
a pratica de magia negativa, não se faz amarrações, trabalhos para prejudicar
terceiros, vinganças etc.
Em hipótese alguma
este tipo de trabalho espiritual é realizado dentro de uma casa de Umbanda.
Se você que está
lendo este texto, percebeu que em seu Terreiro é feito alguma espécie de
trabalho negativo, abra os olhos e fique atento, pois com toda certeza seu
terreiro não é um terreiro de Umbanda.
O que fazemos na Umbanda
é exatamente o oposto disso, protegemos todos aqueles que nos procuram e foram
vitimas deste tipo de trabalho, ou seja, a Umbanda trabalha desmanchando e
neutralizando estes tipos de trabalhos negativos.
Se existem trabalhos
de magia negativa, se existem pessoas que procuram os Terreiros de Umbanda em
busca de ajuda, porque foram vitimas deste tipo de trabalho, então existem
lugares e pessoas que fazem este tipo de prática negativa.
Existem muitos cultos
que infelizmente ainda trabalham sem uma orientação, e nestes lugares ainda é
pratica comum se fazer qualquer tipo de trabalho espiritual mediante pagamento.
Tradicionalmente
existe uma polaridade para diferenciar estes tipos de cultos.
De um lado temos a Umbanda,
se colocando como o lado da Luz.
Do outro lado a
Quimbanda, se colocando como um culto das trevas.
A polaridade Umbanda
e Quimbanda é antiga, e sempre teve a conotação da luz lutando contra as
trevas.
Atualmente fizeram
uma grande mistura entre cultos diferentes, e acabaram misturando Umbanda com
quimbanda.
Chegaram até a
diferenciar a palavra Quimbanda de Kimbanda; o que em nossa opinião é uma
bobagem criada somente para confundir os iniciantes.
Quimbanda é um culto,
tradicional, antigo e que não tem preocupação alguma com o conceito de bem e
mal, ou com a Lei de Deus.
Na Quimbanda quem
comanda os trabalhos são os Exus, e é prática normal fazerem qualquer tipo de
trabalho, sem que haja qualquer ressentimento ou freio moral.
É um culto que pode
ajudar, mas infelizmente devido a inferioridade moral das pessoas que a procuram
acabam pedindo qualquer tipo de trabalho a estes Exus que trabalham na
Quimbanda.
Se procurarem no
youtube encontrarão vários vídeos, com os mais diferentes tipos de cultos
negativos.
Reparem nestes vídeos,
nas imagens dos exus, na música, nas roupas e nas explicações do responsável
pelo trabalho.
Na Umbanda, existe
uma lei maior e todos os Exus que trabalham na Umbanda não fazem qualquer tipo
de trabalho negativo, podendo em determinadas situações até orientar o
consulente, ou mesmo dar uma lição de moral naquele que vai pedir por este tipo
de trabalho.
Lembramos que o
comando dos trabalhos na Umbanda, sempre é feito por um Caboclo ou um Preto
Velho.
Mas se na Quimbanda o
Exu faz trabalhos negativos e na Umbanda o Exu não faz trabalhos negativos o que
vai diferenciar estes espíritos?
É aqui que entra o
conceito de Exu pagão e Exu de Lei.
Um conceito simples,
prático e muito útil para quem está iniciando agora na Umbanda.
Sabedoria antiga, que
não deve ser desprezada.
Todos sabemos que os
Exus que trabalham na Umbanda e na Quimbanda são espíritos, são seres que já
tiveram passagem pela Terra, viveram em nosso meio, portanto são semelhantes a
nós.
Não são divindades
criadas a parte, para serem eternamente negativos.
São espíritos em
processo de evolução e aprendizagem, assim como todos nós.
Alguns espíritos,
devido a sua ignorância, orgulho, vaidade, prepotência, apego a matéria ficaram
presos a crosta terrestre em processos de vingança e ódio; e sem perceberem
acabaram ficando nas mãos de espíritos trevosos.
Estes espíritos
negativos e ignorantes, são conhecidos na Umbanda como Kiumbas.
São estes espíritos
que acabam indo se manifestar nestes lugares onde não existe a preocupação com
a lei maior.
São estes kiumbas que
chamamos de Exu Pagão, e aqui é importante chamar a atenção que é somente uma
nomenclatura, que serve para diferenciar a natureza destes espíritos.
Ninguém está
afirmando que estes espíritos serão batizados por alguma pessoa, ou coisa do
gênero, utilizamos a nomenclatura para fazer uma classificação e desta forma
permitir a identificação destes seres.
O Exu Pagão nada mais
é que um espírito ainda muito apegado a Terra, necessitado de prazeres carnais,
que possui vícios, orgulhoso, vaidoso, prepotente e que em algumas situações se
considera superior ao próprio criador.
Adoram se manifestar
utilizando nomes dos demônios, pedem oferendas com carne, sangue, bebidas e
sacrifícios de animais.
Naturalmente que este
comportamento demonstra o grau da demência destes espíritos.
Já o Exu de Lei, é
aquele que trabalha na Umbanda, é um espírito que conhece suas limitações,
conhece a lei divina, quer trabalhar para ajudar os necessitados, possui
obrigações espirituais dentro de uma casa umbandista.
Atende as ordens
superiores, que normalmente são emitidas pelo Caboclo ou Preto Velho, dirigente
do Terreiro.
O Exu de Lei já foi
um dia um Exu pagão, mas em dado momento encontrou a Lei da Umbanda e passou a
seguir o caminho do bem.
É um espírito milenar,
conhecedor da magia, conhece muito bem todos os lugares trevosos, sabe muito
bem como lidar com estes seres negativos; é por isso que normalmente é o
encarregado de tomar conta das passagens que levam aos submundos trevosos.
É forte, duro,
determinado, mas nunca irá usar a magia para atacar alguém, sempre estará na defensiva,
protegendo, socorrendo.
Muitos já nem
consomem mais bebidas, em alguns terreiros seus trabalhos são reservados e
servem somente para o descarrego dos médiuns e da casa.
Enquanto o Exu Pagão,
na quimbanda utiliza a magia negativa para fazer o mal a alguma pessoa, o Exu
de Lei irá utilizar todo seu conhecimento e força para neutralizar a magia
negativa e defender a pessoa necessitada.
Exu Pagão ataca
enquanto o Exu de Lei defende.
É esta a grande
diferença entre eles.
O Exu de Lei na Umbanda
é o Guardião.
É ele o encarregado
de guardar e proteger o Terreiro, o médium, seu lar etc.
Podemos dizer que os
Exus de Lei da Umbanda são a tropa de choque do Terreiro.
Agora que você já
sabe a diferença entre Exu Pagão (Kiumba) do Exu de Lei (Guardião) ficou fácil
diferenciar as casas onde se trabalha com a Umbanda, das casas onde se trabalha
com a Umbanda cruzada com a Quimbanda.
Aqui é importante
fazer uma ressalva.
Alguns Terreiros de Umbanda
costumam chamar a gira dos Guardiões de Quimbanda, mas neste caso não se trata
de outro culto; é somente uma nomenclatura utilizada para se referir aos
trabalhos dos Guardiões.
Mas existem Terreiros
que “viram” para a esquerda, para a Quimbanda.
Neste caso são casas
cruzadas, onde se trabalha com a Umbanda e com a Quimbanda.
Nestas casas
cruzadas, existe o pagamento pelo trabalho espiritual realizado, oferendas com
sangue, carne, ou sacrifício de animais etc.
Em nossa humilde
opinião, é uma contradição; não sendo possível seguir a lei da Umbanda em
determinados dias e a Quimbanda (magia negativa) em outros dias.
Ou você é
quimbandeiro e talvez um dia enxergue a luz e siga a Umbanda, ou é Umbandista e
já deixou para trás há muito tempo o caminho das trevas, pois a partir do
momento que se conhece o caminho da luz não é possível querer retroagir e
voltar a seguir o caminho das trevas.
Umbandista fique
atento!
Saravá Umbanda!
São
Vicente, 28/10/2013
Por
Manoel Lopes
MUITO BOM ADOREI O TEXTO
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