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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Exu o Guardião do Templo

Exu é uma linha de trabalho bastante complexa e polêmica, e devido a falta de informações e preconceitos que foram se formando durantes os anos, desperta muita curiosidade entre os umbandistas e demais estudiosos da Umbanda.

Fazemos logo de início um alerta: É muito importante não misturarmos os conceitos da Umbanda, com os conceitos do Candomblé e nem da Quimbanda.

Iniciamos, portanto nosso estudo com algumas premissas:

1) Exu na doutrina de Umbanda é considerado um Guardião.

2) Existem visões totalmente diferentes entre os cultos de Umbanda, Quimbanda e Candomblé.

3) Muito diferente é o conceito de Exu, espírito trabalhador da Umbanda e da Quimbanda, do Exu Orixá.

4) Na Umbanda trabalhamos com a linha de Exu, ou seja, espíritos que atuam e possuem trabalho bem definido dentro da religião de Umbanda.

5) Exu no Candomblé é um Orixá, idêntico aos demais orixás, irmão de Ogum e Oxossi. Podem ser entendidos como forças universais.

6) Exu na Quimbanda tem um papel bem diferente do Exu na Umbanda.

Para nós tanto faz chamarmos de Quimbanda ou Kimbanda.

Neste caso estamos nos referindo a outro tipo de culto, diferente da Umbanda e que não segue a lei da Umbanda, um culto onde não existem “limites” morais para os “trabalhos espirituais” realizados.

Iremos aos poucos elucidando cada uma das questões apresentadas acima.

Hoje quero iniciar esta série de textos com um mito de Oxalá e Exu.


Este mito pode ser encontrado no livro “Mitologia dos Orixás” de Reginaldo Prandi, às fls. 40.

Segue abaixo o mito na íntegra.


Exu ganha o poder sobre as Encruzilhadas.

Exu não tinha riqueza, não tinha fazenda, não tinha rio, não tinha profissão, nem artes, nem missão.
Exu vagabundeava pelo mundo sem paradeiro.
Então um dia, Exu passou a ir à casa de Oxalá.
Ia à casa de Oxalá todos os dias.
Na casa de Oxalá, exu se distraia, 
vendo o velho fabricando os seres humanos.
Muitos e muitos também vinham visitar Oxalá,
mas ali ficavam pouco.
Quatro dias, oito dias, e nada aprendiam.
Traziam oferendas, viam o velho orixá,
apreciavam sua obra e partiam.
Exu ficou na casa de Oxalá dezesseis anos.
Exu prestava muita atenção na modelagem
e aprendeu como Oxalá fabricava
as mãos, os pés, a boca, os olhos, o pênis dos homens,
as mãos, os pés, a boca, os olhos, a vagina das mulheres.
Durante dezesseis anos ali ficou ajudando o velho orixá.
Exu não perguntava.
Exu observava.
Exu prestava atenção.
Exu aprendeu tudo.
Um dia Oxalá disse a Exu para ir postar-se na encruzilhada por onde passavam os que vinham à sua casa.
Para fica ali e não deixar passar quem não trouxesse uma oferenda a Oxalá.
Cada vez mais havia mais humanos para Oxalá fazer.
Oxalá não queria perder tempo
recolhendo os presentes que todos lhe ofereciam.
Oxalá nem tinha tempo para as visitas.
Exu tinha aprendido tudo e agora podia ajudar Oxalá.
Exu coletava os ebós para Oxalá.
Exu recebia as oferendas e as entregava a Oxalá.
Exu fazia bem o seu trabalho
e Oxalá decidiu recompensá-lo.
Assim, quem viesse à casa de Oxalá
teria que pagar também alguma coisa a Exu.
Quem estivesse voltando da casa de Oxalá
também pagaria alguma coisa a Exu.
Exu mantinha-se sempre a postos
guardando a casa de Oxalá.
Armado de um ogó, poderoso porrete,
afastava os indesejáveis
e punia quem tentasse burlar sua vigilância.
Exu trabalhava demais e fez ali sua casa,
ali na encruzilhada.
Ganhou uma rendosa profissão, ganhou seu lugar, sua casa.
Exu ficou rico e poderoso.
Ninguém pode mais passar pela encruzilhada
sem pagar alguma coisa a Exu.

Vamos reinterpretar este mito, através de uma visão umbandista.

Naturalmente que iremos nos referir a linha dos Exus, espíritos e não ao Orixá Exu da Nação.

Iremos destacar alguns trechos do mito acima apresentado:

“Exu não tinha riqueza, não tinha fazenda, não tinha rio, não tinha profissão, nem artes, nem missão.
Exu vagabundeava pelo mundo sem paradeiro.”

Entendemos que todos os Exus que trabalham em Terreiros de Umbanda, possuem compromissos sérios com a lei da Umbanda. São trabalhadores da espiritualidade, chamamos estes exus de Exus de Lei.

Nem sempre estes espíritos foram Exus de Lei, existiu uma época em que eram espíritos que estavam perdidos, sem nenhum compromisso com o bem, com a lei divina, com a evolução e com a espiritualidade. É isso o que diz este trecho “Exu vagabundeava pelo mundo sem paradeiro, Exu não tinha missão”.

Vamos continuar com a leitura:

“Então um dia, Exu passou a ir à casa de Oxalá.
Ia à casa de Oxalá todos os dias.
Na casa de Oxalá, exu se distraia, 
vendo o velho fabricando os seres humanos.”

Aqui vamos, por analogia, chamar de Casa de Oxalá o Terreiro de Umbanda.

Todos sabem que praticamente não existe Terreiro de Umbanda que não tenha no alto, em cima do Congá uma imagem de Oxalá.

Oxalá na Umbanda é sincretizado com Jesus, e com certeza é o principal orixá cultuado na Umbanda.

Podemos afirmar que todo Terreiro de Umbanda é considerado uma Casa de Oxalá, uma casa de caridade, de bênçãos, de amor e espiritualidade.

Voltando ao texto do mito, entendemos então que estes espíritos que vagavam pelo mundo, sem rumo, se aproximaram do Terreiro de Umbanda, e aqui podemos estender o conceito de Terreiro para a própria Umbanda.

Estes espíritos vieram para a Umbanda, e passaram a observar o que se fazia dentro dos Terreiros.

Continuando a leitura do texto:

“Muitos e muitos também vinham visitar Oxalá,
mas ali ficavam pouco.
Quatro dias, oito dias, e nada aprendiam.
Traziam oferendas, viam o velho orixá,
apreciavam sua obra e partiam.
Exu ficou na casa de Oxalá dezesseis anos.
Exu prestava muita atenção na modelagem
e aprendeu como Oxalá fabricava
as mãos, os pés, a boca, os olhos, o pênis dos homens,
as mãos, os pés, a boca, os olhos, a vagina das mulheres.”

Muito são os espíritos que se aproximam dos Terreiros de Umbanda, se aproximam da Lei de Umbanda, mas nada aprendem e se afastam.

Continuam a vagar sem rumo pelo espaço.

Exu por sua vez continuou no Terreiro, observou, prestou atenção, teve paciência, estudou, aprendeu com o Mestre Oxalá.

“Exu não perguntava.
Exu observava.
Exu prestava atenção.
Exu aprendeu tudo.
Um dia Oxalá disse a Exu para ir postar-se na encruzilhada por onde passavam os que vinham à sua casa.”

Estes espíritos que ficavam, que observavam, que estudavam, que prestavam atenção e que adquiriram o conhecimento maior, ficaram nos Terreiros.

Foi então lhes dado a missão de cuidarem das encruzilhadas, por onde passavam todas as pessoas que se dirigiam a Casa de Oxalá.

São as tronqueiras existentes em todos os Terreiros e que ficam exatamente na entrada do Terreiro, lugar por onde deve passar todos os que entram e todos os que saem.

“Exu mantinha-se sempre a postos
guardando a casa de Oxalá.
Armado de um ogó, poderoso porrete,
afastava os indesejáveis
e punia quem tentasse burlar sua vigilância.”

Aqui verificamos qual a função do Exu da Umbanda, que é a da proteção ao Terreiro, a Casa de Oxalá.

São os Exus os Guardiões do Templo, os Guardiões da Lei da Umbanda.

“Exu trabalhava demais e fez ali sua casa,
ali na encruzilhada.
Ganhou uma rendosa profissão, ganhou seu lugar, sua casa.
Exu ficou rico e poderoso.
Ninguém pode mais passar pela encruzilhada
sem pagar alguma coisa a Exu.”

Verifica-se no texto que os Exus passaram a ser os grandes trabalhadores da Umbanda e passaram a ter um papel muito importante na Umbanda.


Finaliza o mito afirmando que Exu ficou sendo o responsável por todas as encruzilhadas.

Finalizamos este primeiro texto destacando algumas características importantes do Exu de Lei, o Guardião da Umbanda:

1)     Um dia foi um espírito sem rumo, que provavelmente trabalhava negativamente, ou era dominado por espíritos negativos.

2)     Em um determinado momento se aproximaram da Lei da Umbanda e mudaram sua forma de pensar e agir, de “vagabundos” passaram a ser os maiores trabalhadores.

3)     Foi designado a estes espíritos a função de tomarem conta da Casa de Oxalá, ou seja, tomarem conta do Terreiro de Umbanda, da Lei de Umbanda.

4)     São espíritos fortes, e quando necessário, podem usar de meios duros para afastarem e punirem os indesejáveis.

5)     São os espíritos responsáveis por todas as encruzilhadas.

Encerramos aqui esta rápida reflexão sobre o Guardião, nos próximos textos estaremos aprofundando as questões abordadas acima.

Saravá Exu das Sete Encruzilhadas!

Saravá Umbanda!

São Vicente, 23/07/2013

Por Manoel Lopes – Dirigente do Núcleo Mata Verde

*Texto adaptado para o nosso Blog Exu e Pomba Gira na Umbanda.

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“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.”

Allan Kardec.

Liga da Justiça Umbandista

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O Homem de Bem O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado." Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz. Allan Kardec.