Chuta que é macumba!
Mas cuidado para não
quebrar o pé. Calma, que já explicaremos.
É que Macumba é uma
árvore sagrada da África, onde os negros se reuniam para fazer suas orações e
também para transmitir os conhecimentos através da oralidade.
Aliás, árvore muito
parecida com a formosa Copaíba que temos aqui no Brasil.
Bom, agora que você já
sabe isso, os que iam à Macumba eram os – adivinhe – macumbeiros. Isso mesmo.
Poxa, e você utilizando esse termo sem saber.
Macumba também foi o nome
dado aos primeiros instrumentos de percussão, muito parecidos com os atabaques
de hoje. Eles eram confeccionados com a madeira da árvore sagrada e usados nos
cultos em louvor aos Orixás.
O fato é que durante três
séculos, milhões de africanos foram escravizados e trazidos para o território
brasileiro por colonizadores europeus. A religião foi um fator fundamental para
a preservação dos costumes africanos, e tornou-se símbolo da resistência de
povos que foram massacrados ao longo da história do nosso país, mas que
exerceram importante papel para a formação da identidade e da cultura
brasileira.É por isso que se fala muito que o povo brasileiro tem um pezinho na
senzala. Arriscaríamos dizer, que muitos têm também uma mãozinha no terreiro,
pois a cultura religiosa afro-brasileira está enraizada em todo nosso país.
Portanto, em nossa cidade, não é diferente. Poucos são os que nunca fizeram uso
de uma fitinha vermelha contra mau-olhado, cruzaram os dedinhos para torcer por
alguma coisa, ou nunca tiveram um vasinho de sete ervas em casa ou em seu
estabelecimento comercial. Você pode não ter percebido, mas o salzinho grosso
atrás da porta não tem nada a ver com herança de uma religião européia.
Agora você já sabe o que é Macumba. Madeira
nobre e resistente. Pode machucar o pé, portanto, é melhor não chutar. Mas,
melhor mesmo, é quando não se chuta nada. Quando respeitamos as pessoas por
suas atitudes, posturas, ideais, e, principalmente, por seus corações, porque
Olorum, Deus, Jeová ou como queiram chamar o Criador, conhece é o nosso coração
e o verdadeiro propósito de servi-lo.
Respeite – e não apenas
tolere -, pois como disse Saramago: “Quando
se tolera apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de
superioridade de um sobre o outro."
Adaptado do texto de Ricardo Barreira - Babalorixá da Aldeia Tupiniquim, Coordenador
de Projetos de Marketing e Campanhas Publicitárias, Colunista da Rede Bom Dia
de Jornais.
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