Seguidores dos Guardiões e Guardiães de Umbanda

Translate

English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Reflexão sobre a Questão Cámica - Trecho do Livro Sàngó



A Gênese de tudo é o nada.  Nem o caos, nem a escuridão, apenas o nada.  Supor que as coisas que existem surgiram a partir de “algo” já existente é subestimar o Princípio Criador.  Somente o Incriado sempre existiu e tudo, absolutamente tudo o mais, partiu Dele. Assim, todas as criaturas e criações de suas criaturas são parte d’Ele também.  A primeira e mais pura manifestação do Divino é a natureza em seu estado mais rudimentar, pois ali está o esboço da obra, intocada, como os olhos conseguem enxergar sem jamais entender.  Não apenas os elementos considerados básicos pela Alquimia – Terra, Água, Fogo e Ar – compõem esse emaranhado de matéria tangível e não-tangível que forma o tudo.  Outros elementos de igual – e outros de maior importância – participam dessa eqüidade universal: a Concepção, a Lei, a Ordem, a Razão, o Movimento, a transformação e a Fé.  Associados, esses elementos promovem a transformação de tudo que foi lançado à luz do Universo pelo Incriado.  Aos homens e demais seres frutos da Criação, também cabem atributos (emocionais, racionais e físicos) que contribuem nesse processo de constante transformação: o SENTIMENTO e todo o leque de possibilidades que ele abre – positivos e negativos -, tais como o desejo, a cobiça, a inveja e seus correlatos, a RAZÃO, na qual se inclui a necessidade, a busca, a solidariedade, a moral, a ética e a união, e, por fim, a REALIZAÇÃO, que é a síntese de toda essa fusão, manifestada através do trabalho, da construção, da estética e, ao atingir padrões mais elevados, aproximando-se de sua essência original, da arte.
        
Em todos os confins do Universo foram lançados esses elementos, ações e sentimentos, cabendo aos seres que Nele habitam, a tarefa de utilizá-los na medida correta, como uma receita alquímica, a fim de participar desse processo de transformação.  Mesmo os elementos considerados nocivos aos olhos simplistas, como a inveja e a cobiça, fazem parte do dinamismo saudável do Universo, quando dosados de maneira correta.  Entretanto, havia um outro elemento em questão, também colocado à disposição dos seres terrenos para que se aprimorassem dentro de todo esse processo: a liberdade, também chamada pela tradição cristã de Livre Arbítrio. 
        
Esse elemento fundamental consistiu no tempero cíclico de toda a manifestação ocorrida no Universo.  Fazendo uso de cada elemento na dosagem que melhor lhe convinha, os filhos do Universo o transformaram a seu bel prazer, sem medir conseqüências morais, espirituais e materiais, sendo obrigados, por razão de seu próprio merecimento, a colher frutos da própria intransigência e com eles progredir a fim de retornar à pureza simplista de sua essência primitiva.  Diversos mitos foram criados para explicar esse princípio, sendo o da raça adâmica o mais conhecido. 
          
 Entretanto, a falta de compreensão das coisas mais singulares tornou-se a característica estigmatizada da raça humana e isso é facilmente percebido pelos seus próprios escritos, em particular aquele que conta a fábula da expulsão do Éden.  O homem afasta-se da condição paradisíaca não por tentar alcançar o Criador, mas por não compreendê-lo.  Alcançar Deus é parte da marcha civilizatória do espírito e não constitui pecado capital.  O erro é não compreender Deus – isso sim torna uma existência inteira vã e completamente nula.
        
O mesmo pode-se afirmar em relação ao mito do anjo caído como causador de todos os males existentes no plano material e espiritual.  O Universo não é maniqueísta e nem prepara armadilhas para seus filhos, deixando-os à mercê de um ser perverso que os levaria à perdição.  O demônio existe e nada mais é do que a imperfeição de cada ser que afastou-se do Divino acreditando na possibilidade de alcançar algum benefício com isso.  E como todos são parte do Criador, ao prejudicar qualquer ser que habita o Universo, atenta-se contra o próprio Deus, manifestando-se dessa forma o seu demônio interior. Disciplinar os seres diante de suas próprias conseqüências é uma tarefa que exige preparo e acima de tudo compreensão sobre o Cosmos, em todas as suas faces e manifestações, mesmo naquelas que parecem ter rompido a estética habitual que a civilização calcada em princípios conservadores e manipulados segundo interesses escusos, quase sempre digeridos, porém quase nunca assimilados.  Seres que dispõem sua existência a essa tarefa, fatalmente serão vistos como a escória espiritual ou como algozes, principalmente nas culturas onde proliferou o pensamento judaico-cristão e, em determinadas situações, islâmico também.  A maldade reside no âmago de quem a praticou, e não nas mãos de quem executa a Lei imutável da reação cármica.  Entendendo o Universo é possível compreender a ação de seus guardiões, que ao longo da História sofreram medos e preconceitos, principalmente após o processo de demonização que lhes foi imposto por aqueles que não os aceitam como agentes da Justiça Divina da mesma forma que também não aceitam a própria consciência a lhes julgar e condenar – pois somente ela (a consciência) lhes aponta o dedo indicador, já que qualquer outro ser, consciente do funcionamento do Universo, preocupa-se com os próprios atos e deveres a serem cumpridos.
        
O conceito de bem e mal cai por terra quando colocados não à luz, mas à sombra da subjetividade, pois mentes diferentes emitem conceitos diferentes.  A eqüidade de valores existe somente quando se está em sintonia com o Princípio Criador ou a ele subordinado, fazendo com que se cumpra a sua Lei.  Assim trabalham os verdadeiros soldados, guardiões da ordem espiritual e zeladores da Lei cármica.

Laroyê, Exu.

Por Douglas Fersan

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Não haveria luz se não fosse a escuridão...

“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.”

Allan Kardec.

Liga da Justiça Umbandista

Liga da Justiça Umbandista
O Homem de Bem O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado." Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz. Allan Kardec.