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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Conversando com Exu



Certa vez eu caminhava à noite por um deserto muito, mas muito frio. A temperatura estava tão baixa que eu tinha a convicção de que se ali não estivesse fora do corpo físico, já haveria "congelado" por hipotermia.

Eu caminhava sem saber nem mesmo o porquê, só sentia algo dentro de mim determinando que procedesse desta forma.

Andei até que escutei uma sonora gargalhada que vinha de uma pequena inclinação localizada a minha direita. Subi inclinação acima e dei de frente com um ser que se encontrava ajoelhado ao solo e que me fitava seriamente como se estivesse a me esperar.

Caminhei passo-a-passo na sua direção e foi quando dele escutei:

— Salve cabra, senta no chão!

— Salve senhor Exu!

Foi o que intuitiva e respeitosamente respondi enquanto me sentava no solo arenoso.

— Como vai cabra?

— Vou bem senhor Exu, na força de Deus Pai.

— Fico satisfeito em escutar isto de ti, pois o assunto desta madrugada será sério por demais.

Preparei o coração e os ouvidos por que senti que vinha "chumbo grosso".

— A conversa desta noite será breve, mas nem por isso deixará de ser séria.

— Sim senhor.

— Um médium entra pela primeira vez para a corrente mediúnica de um terreiro de umbanda e começa a exercer o divino ato de cambonar as entidades; acontece que depois de algum tempo exercendo tal tarefa este médium começou a considerar esta sublime tarefa repetitiva, está acompanhando?

— Sim senhor!

— Pois bem, devido a este sentimento de repetitividade o referido médium passou a desejar ardentemente que as entidades começassem a se utilizar do seu corpo físico e da sua mente através da incorporação. Mas como filho de umbanda não tem querer isto só começou a ocorrer dois anos após sua entrada na corrente mediúnica. Ainda acompanhando?

— Perfeitamente, senhor Exu!

— Pois saiba que algum tempo depois que as entidades começaram a incorporar no médium este passou a achar o fato delas incorporarem e ficarem quase sempre parada no mesmo lugar, e fazendo as mesmas coisas, bastante repetitivo e começou a ansiar que as entidades que o assistem nas incorporações auxiliassem nas rodas de descarrego, está entendendo?

— Estou sim, senhor Exu!

— Algum tempo depois que as entidades passaram a trabalhar nas rodas de descarrego este referido médium também começou a achar este trabalho repetitivo e passou a desejar que as entidades que o assistem prestassem consultas a assistência, ainda me acompanhando cabra?

— Sim senhor!

— Algum tempo após este período as entidades que assistem a este referido médium em suas incorporações começaram a prestar consultas para a assistência e, após algum tempo, ele passou a considerar esta também sublime tarefa bastante repetitiva e começou a ansiar por algo que ele nem sabia o que era, ainda está atento ao que digo?

— Sim senhor Exu!

— Então me permita continuar a história: o tempo passou e como já estava prescrito no desenvolvimento mediúnico do médium, ele começou a ser utilizado por seus mentores para trabalhar a favor da caridade em espírito durante as noites de sono e, após algum tempo, começou a considerar esta tarefa repetitiva, está me entendendo?

— Sim senhor!

Como o Exu calou-se e começou a fitar-me com olhos inquisidores eu perguntei a ele:

— Acabou a história senhor Exu?

— Sim!

— Posso lhe fazer uma pergunta?

— Já estava esperando!

—Eu gostaria de saber, se possível, o seguinte: porquê essa sensação de repetitividade recorrente na vida mediúnica do médium em questão?

— Por que ele se ilude querendo e ansiando sempre por um algo mais por considerar-se um iniciado.

— Meu Deus!!! Então quer dizer que este médium está sendo assessorado por espíritos mistificadores?

— Não cabra! Na verdade até mesmo um iniciado ele é, ele só precisa retomar o foco!

— Como?

— O foco cabra! Qual é o foco de qualquer tarefa, atividade ou trabalho umbandista?

— A caridade!

— Que bom você responder-me com uma afirmação ao invés de uma interrogação, pois isto significa que você não tem dúvida alguma no que diz respeito a isto.

— Mas se o senhor diz que o médium em questão é um iniciado por que também diz que ele encontra-se iludido?

— Por que toda e qualquer tarefa umbandista tem, aos olhos do Divino Criador, o mesmo valor. Não existe tarefa mais valorosa que outra: um cambone cuja meta é a caridade desinteressada está trabalhando por sua evolução o mesmo tanto que o chefe de um terreiro de umbanda se este labuta da mesma forma em favor da caridade. Você entende?

— Sim senhor!

— O valor do médium cuja entidade comanda uma roda de descarrego é o mesmo do que qualquer iniciado se ambos possuem no coração o desejo de ao próximo fazer o bem. Já estive em muitas tendas, casas, centros e terreiros de umbanda onde o valor equivocado de uma iniciação fez com que a vaidade e o inconformismo encontrassem acesso no mental e coração de muitos médiuns!

— Fazendo com que caíssem mediunicamente senhor Exu?

— Nem todos, mas fazendo com que trabalhassem com menos da metade da metade dos seus potenciais, certamente!

— Como assim?

— Imagine três operários que estão construindo uma edificação em comum.

O primeiro não sabe o que será construído; o segundo sabe somente que será uma escola e o terceiro, além de ter consigo a mesma informação do segundo operário, sabe que não só os seus filhos, mas também os filhos dos seus dois colegas estudarão gratuitamente naquela futura instituição de ensino, entendeu cabra?

— Sim senhor Exu!

— Então eu lhe pergunto: os três ganharão o mesmo salário, mas qual deles provavelmente trabalhará com maior motivação?

— É muito mais provável que seja o terceiro operário!

— Pois bem cabra, todo médium umbandista está trabalhando a favor de uma edificação denominada EVOLUÇÃO ESPIRITUAL cuja matéria-prima básica é de conhecimento de todo médium e denominada CARIDADE, você entende?

— Sim senhor Exu!

— Então responda-me por que tantos médiuns umbandistas mesmo conhecendo as verdadeiras motivações que se deve ter para freqüentar a corrente mediúnica de um terreiro quais sejam, caridade e evolução espiritual, ficam tão ansiosos por uma iniciação a ponto de visualizarem o trabalho de fazer o bem ao próximo como repetitivo se isto não ocorre ou demora para acontecer?

Pensei, pensei e pensei, mas só consegui responder:

— Não sei senhor Exu!

— Mas eu já lhe disse hoje mesmo!

— A ilusão?

— Exatamente! Muitos médiuns vêem a iniciação de uma forma que não é a real.

— Como?

— Cabra, o que é um iniciado?

— Seria alguém que sabe manipular um mistério?

— A resposta, em parte, é essa. Agora diga-me: o que é uma iniciação?

— O aprendizado de como manipular um mistério?

— A resposta, também em parte, é essa. Agora responda-me uma última questão: qual o objetivo providencial de uma iniciação e dever moral e ético de todo iniciado?

Talvez lendo os meus pensamentos e vendo que eu estava "viajando" foi que o Exu disse a mim:

— Dê-me a resposta cabra, só não se esqueça de que Deus é simplicidade, assim como as coisas dele.

Foi aí que imediatamente respondi ao senhor Exu:

— A caridade!

— Gostei de ver outra vez cabra, pois novamente você respondeu-me com uma afirmação ao invés de interrogação.

— Entendo.

— É uma ilusão um médium deixar o desejo de fazer o bem esmorecer por querer alcançar algo que os seus próprios merecimentos não lhe facultam. Por que um cambone vai ter pressa de incorporar e esmorecer no desejo de fazer o bem quando ou enquanto isto não acontece se o ato de cambonar também é caridade

— O senhor tem razão!

— Querer é uma coisa poder é outra ou, como disse Jesus, muitos são os chamados, mas poucos são os escolhidos.

— Como assim?

— O suposto médium da história que estava a lhe contar, lembra-se dele?

— Sim senhor!

— Pois eu lhe digo que ele está entediado em fazer o bem por julgar que está sendo demorada a sua iniciação. Acontece que ele mesmo está atrapalhando a sua própria iniciação por ter perdido o foco de que o objetivo principal dela é a caridade, quando este problema for resolvido a iniciação dele poderá ser iniciada.

— Entendo.

— Este Exu vê com muito desgosto quando um médium se enche de empáfia e vaidade para se dizer um iniciado disto ou daquilo. Manipular um mistério qualquer iniciado aprende, agora manipulá-lo com maestria é para poucos: muitos os chamados e poucos os escolhidos, entendeu?

— Sim senhor Exu!

— O principal objetivo na manipulação de qualquer mistério para qualquer iniciado deve ser a caridade. Na verdade entenda que há muitos seres leigos em magia, mas que manipulam certos mistérios melhor do que muitos iniciados.

— Sério?

— Certamente. Imagine um brilhante professor universitário e responda se este é ou não um habilíssimo manipulador de parte do mistério do saber?

— Meu Deus é verdade!!!

— Imagine uma excelente e devotada mãe a cuidar zelosamente de sua prole e responda se esta é ou não uma habilíssima manipuladora de parte do mistério do amor?

— É verdade senhor Exu e a lógica também é impressionante!!!

— Esta mensagem eu posso dizer que é para todos, mas como estou ditando-a a você, peço que coloque-a em prática a cada dia de sua vida: mediunidade não torna ninguém melhor e iniciação não faz ninguém evoluir se não houver a prática da caridade pois, como já disse um grande iniciado no amor e saber religioso: " fora da caridade não há salvação!"

— Estou entendendo!

— E um médium, um iniciado deve labutar para tornar-se não melhor que os outros, mas melhor que ele mesmo, pois quanto mais bem ao próximo ele equilibradamente fizer, mais ele conseguirá evoluir moral e espiritualmente em direção a Deus, entendeu?

— Sim senhor Exu!

— Então salve cabra!

— Salve senhor Exu!

Fonte http://pedrorangelsa.blogspot.com/

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Não haveria luz se não fosse a escuridão...

“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.”

Allan Kardec.

Liga da Justiça Umbandista

Liga da Justiça Umbandista
O Homem de Bem O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado." Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz. Allan Kardec.