"O Caboclo das
Sete Encruzilhadas nunca determinou o sacrifício de aves e animais, quer para
homenagear entidades, quer para fortificar a minha mediunidade... Nunca recebi
um centavo pelas curas praticadas pelos guias. O Caboclo abominava a
retribuição monetária ao trabalho mediúnico. Não há ninguém que possa dizer, no
decorrer destes 66 anos, que retribuiu uma cura (e foram aos milhares) com
dinheiro."
ZÉLIO DE MORAES
Obs.: Zélio de
Moraes faleceu no dia 03 de Setembro de 1975
*Qual
vossa opinião sobre o sacrifício de animais na Umbanda?
RAMATÍS:
a Umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para assentamentos vibratórios
dos Orixás e nem realiza ritos de iniciação para fortalecer o tônus mediúnico
com sangue. Não tem nessa prática legítima de outros cultos, um dos seus
recursos de oferta às divindades. A fé é o principal fundamento religioso da
Umbanda - assim como em outras religiões. Suas oferendas se diferenciam das
demais por serem isentas de sacrifícios de animais pelo fato de preconizarem o
amor universal e, acima de tudo, o exercício da caridade como reverência e troca
energética junto aos Orixás e aos seus enviados, os guias espirituais. É
incompatível ceifar uma vida e fazer a caridade, que é a essência do praticar
amoroso que norteia a Umbanda do Espaço. Toda oferenda deve ser um mecanismo
estimulador do respeito e união religiosa com o Divino, daí com os espíritos da
natureza e dos animais - almas grupo-, que um dia encarnarão no ciclo hominal,
assim como já fostes animal encarnado em outras épocas.
*E os dirigentes de centros que
sacrificam em nome da Umbanda?
RAMATÍS:
reconhecemos que na mistura de ritos existentes, se confundem o ser e o não ser
umbandista. Observai a essência da Luz Divina - fazer a caridade - e sabereis
separar o joio do trigo. Tal estado de coisa reflete a imaturidade e despreparo
de alguns dirigentes que se iludem pela pressão de ter que oferecer o trabalho
"forte". As exigências de quem paga a consulta e o trabalho
espiritual e quer resultados "para ontem" acabam impondo um
imediatismo que os conduz a adaptarem ritos de outros cultos ao seus terreiros.
Na verdade há uma enorme profusão de rituais que naturalmente é confusa,
refletindo o estado da consciência coletiva e o sistema de troca com o além
estabelecido que viceja: o toma lá da cá. Toda vez que um médium aplica um rito
em nome do Divino e sacrifica um animal, interfere num ciclo cósmico da
natureza universal, causando um desequilíbrio, desde que interrompe
artificialmente o "quantum" de vida que o espírito ainda teria que
ocupar no vaso carnal, direito sagrado concedido pelo Pai. Pela Lei de Causa e
Efeito, quanto maior seu entendimento da evolução espiritual - que
inexoravelmente é diferente da compreensão do sacerdote tribal de antigamente
-, ambição pelo ganho financeiro, vaidade e promoção pessoal, tanto maior será
o seu carma a ser saldado, mesmo que isto aparentemente não seja percebido no
momento presente. Dia chegará, que tais medianeiros terão que prestar contas
aos verdadeiros e genuínos "zeladores" dos sítios sagrados da
natureza que "materializam" os Orixás aos homens e oportunizam os
ciclos cósmicos da vida espiritual - as reencarnações sucessivas das
almas-grupo dos animais em vosso orbe.
Lembrai-vos
que quanto maior a inteligência tanto maior pode ser a ambição no exercício do
sacerdócio religioso. Aos que muito sabem e ambicionam, muito será cobrado
pelos Orixás.
*E
os que justificam o sacrifício animal como "inofensivo" dizendo que
não causa nenhum carma negativo?
RAMATÍS:
o carma coletivo que rege os movimentos ascensionais não se prende as crenças
humanas e trata-se de lei universal. Vós que sois homens e caminham à
angelitude tal qual os animais rumam a humanização gostaríeis de ter vossa
garganta cortada e sangue vertido até a última gota entre ladainhas, campânulas
e mantras que culminam num ápice com transe de possessão? Assim fazem com os
animais que rumam para se humanizar. Mesmo que os irmãos menores do orbe sejam
somente instintos, regem-nos uma Inteligência Superior que os leva a inexorável
individualização, direito cósmico sagrado que os conduz ao encarnarem num corpo
hominal. Quanto maior a consciência menor a ignorância das verdades cósmicas e
mais amplos os débitos ou créditos na contabilidade sideral de cada cidadão. A
finalidade superior das almas grupos e dos animais é não serem escravizados e
cruelmente despedaçados pelos crentes religiosos que acabam bloqueando-lhes o
direito sagrado de aquisição dos princípios rudimentares de inteligência pela
convivência pacífica e amorosa com os humanos, experiência propiciatória para
que paulatinamente formem os veículos – corpo astral e mental – para
oportunamente virem a estagiar no ciclo encarnatório humanóide.
Reflitam
os que matam os animais em nome dos Santos se gostaríeis que os Anjos para se
tornarem arcanjos viessem vos cortar em pedaços e “chupar” vosso sangue para se
saciarem nos páramos celestiais.
* Este
texto faz parte dos livros "Diário Mediúnico" e "Mediunidade e
Sacerdócio Editora do Conhecimento.
Fonte: Triângulo
da Fraternidade
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