Hoje,
postamos trechos de alguns livros que julgamos essenciais para a desmistificação
e desmitificação de Exus, Pombagiras, tentando esclarecer e mostrar aqui, suas
verdadeiras funções na Umbanda. O primeiro trecho que
transcrevemos abaixo foi retirado do livro TRATADO DE ESCRITA MÁGICA SAGRADA (Rubens Saraceni, Editora Madras)
e fala sobre a mistificação e mitificação do tridente (instrumento usado por
muitos Exus na Umbanda):
"O Deus grego Netuno é uma personificação ou
humanização dessa Divindade de Deus. Seu símbolo sagrado (um tridente) é parte do fator
multiplicador e não um símbolo infernal como o descreveram os cristãos de então
que, não satisfeitos com a tomada do poder religioso, ainda denominaram os
ícones religiosos dos povos que conquistaram a custa de armas ou de uma suposta
posse da palavra de Deus. A
bem da verdade, muitos ainda desconhecem o real significado do "Verbo
Divino" ou da "Palavra de Deus" (os verbos realizadores de
ações). Até na Umbanda a ignorância sobre os símbolos de
poder tem se mostrado, pois os Exus e as Pombagiras portadores de 'tridentes'
são associados por alguns ao mal ou são vistos como espíritos malignos. Na verdade, são seres semelhantes a nós que os
manifestam naturalmente ou foram iniciados em mistérios ou têm por função punir
quem atentar contra a multiplicação natural das coisas. À "direita" estão os espíritos
sustentadores da multiplicação natural das coisas. À "esquerda" estão os espíritos punidores
de quem atentar contra a multiplicação natural das coisas. Agora, para proteção da sociedade é normal um
judiciário e uma polícia bem aparelhadas e bem armadas para punirem os
assassinos, os ladrões etc, aqui no plano material. Mas, no plano astral, o dos espíritos, quem irá
puni-los, pois, tal como aqui, eles existem lá também? Só que aqui, está tudo bem! Mas lá, que droga, existe o 'diabo' para nos punir
com seu perigoso tridente supressor da nossa horrível capacidade de
multiplicarmos o mal e os maus, não é mesmo?"
O
próximo trecho que reproduzimos, foi extraído do livro TAMBORES DE ANGOLA (pelo espírito de Ângelo Inácio, psicografado
por Robson Pinheiro, Editora Casa dos Espíritos). Neste trecho, Ângelo Inácio
conversa com um espírito chamado Anselmo, que lhe dá uma aula sobre os
verdadeiros Exus e sua atuação na Umbanda:
"Aventurei-me, então, a perguntar sobre algo
que me chamara a atenção desde que chegara na tenda. Quem eram aqueles espíritos
que pareciam guardar a entrada do local? Pareciam soldados de um exército de
desencarnados. - Aqueles são os guardiões, meu caro Ângelo, são os espíritos
responsáveis pela disciplina e pela ordem no ambiente. Em muitas tendas ou
terreiros, são conhecidos como exus. Para nós, são companheiros experimentados
em várias encarnações, em serviço militar, em estratégias de defesa, ou mesmo
simples trabalhadores que se fazem respeitar pelo caráter forte e pelas
vibrações que emitem naturalmente. Eles se encontram em tarefa de auxílio.
Conhecem profundamente certas regiões do submundo astral e são temidos pela sua
rigidez e disciplina. Formam, por assim dizer, nossa força de defesa, pois não
ignora que lidamos, em um número imenso de vezes, com entidades perversas,
espíritos de baixa vibração e verdadeiros marginais do mundo astral, que só
reconhecem a força das vibrações elementares, de um magnetismo vigoroso e
personalidades fortes que se impõem. Essa a atividade dos guardiões. Sem eles,
talvez, as cidades estariam a mercê de tropas de espíritos vândalos ou nossas
atividades estariam seriamente comprometidas. São respeitados e trabalham à sua
maneira para auxiliar quanto possam. São temidos no submundo astral, porque se
especializaram na manutenção da disciplina por várias e várias encarnações. -
Quer dizer, então, que estes são os chamados exus? Mas, quando se fala neles,
as pessoas os julgam seres infernais ou assassinos, e até mesmo certos
umbandistas passam essa idéia a respeito deles. - Existe muita desinformação e falta de estudo,
principalmente nos meios que se dizem umbandistas. Na verdade, prolifera um
número acentuado de manifestações religiosas de cunho mediúnico que utilizam do
nome da Umbanda para se caracterizarem perante a sociedade dos homens, mas a
verdadeira Umbanda é destituída de misticimos em seus fundamentos, o que mais
tarde poderemos esclarecer a você. Aqui, no entanto, nos deteremos, para
esclarecer melhor o assunto. Muitos do próprio culto confundem os exus com
outra classe de espíritos, que se manifestam à revelia em terreiros
descompromissados com o bem. Na Umbanda, a caridade é lei maior e esses
espíritos, com aspectos mais bizarros, que se manifestam em médiuns são, na
verdade, outra classe de entidades, espíritos marginalizados por seu
comportamento ante a vida, verdadeiros bandos de obsessores, de vadios, que
vagam sem rumo nos subplanos astrais e que são, muitas vezes, utilizados por
outras inteligências, servindo a propósitos menos dignos. Além disso, encontram
médiuns irresponsáveis que se sintonizam com seus propósitos inconfessáveis e
passam a sugar a energia desses médiuns e de seus consulentes, exigindo
'trabalhos', matanças de animais e outras formas de satisfazerem sua sede de
energia vital. São conhecidos como 'quiumbas' nos pântanos do astral. São
maltas de espíritos delinquentes, à semelhança daqueles homens que atualmente
são considerados, na Terra, como irrecuperáveis socialmente, merecendo que as
hierarquias superiores tomem a decisão de expurgá-los do ambiente terrestre,
quando da transformação que aguardamos no próximo milênio. Os médiuns que se
sintonizam com essa classe de espíritos desconhecem sua verdadeira situação.
Depois, existe igualmente um misticismo exagerado em muitos terreiros que se
dizem umbandistas e se especializam em maldades de todas as espécies, vinganças
e pequenos 'trabalhos' que realizam em conluio com os quiumbas e que lhes
comprometem as atividades e a tarefa mediúnica. São, na verdade, terreiros de
'quiumbanda' e não de Umbanda. Utilizam o nome de espíritas, sem o serem. Há
muito o que se esclarecer a respeito. Os espíritos que chamamos de exus são, na
verdade, os guardiões, os atalaias do plano astral, que são confundidos com
aqueles dos quais falamos. São bondosos, disciplinadores e confiáveis. Utilizam
o rigor que estão acostumados para impor respeito, mas são trabalhadores do
bem. Como nós, não exigem nem aceitam 'trabalhos', despachos ou outras coisas
ridículas das quais médiuns irresponsáveis, dirigentes e pais de santo
ignorantes se utilizam para obter o dinheiro de muitos incautos que lhes cruzam
os caminhos. Isso é trabalho de quiumbanda, de magia trevosa. Nada tem a ver
com a Umbanda.
* É importante que não se confunda 'Quiumbanda' com
'Quimbanda'. Quimbanda, do vocabulário Banto,diz respeito à esfera que lida com
processo de magia, de acordo com a terminologia própria dos cultos com alguma
influência afro-brasileira. São chamados 'quimbandeiros' os espíritos que detêm
o conhecimento de como reverter os efeitos daninhos da magia das trevas e da
feitiçaria- e, para tanto, necessariamente sabem como produzi-los. Daí a
confusão, se um grupo mediúnico envolve-se, por exemplo, em anular uma
determinada magnetização que traz consequências funestas a um indivíduo,
pode-se dizer que ele está envolvido em 'Quimbanda', ainda que denominem de
outra forma. Espíritas, que geralmente estudam pouco tais assuntos, costumam
preferir o termo anti-goécio para designar tais práticas, É a mesma coisa. De
qualquer forma, há que se ter um termo para se referir aos processos e centros
onde se pratica baixa feitiçaria e a magia das trevas, já que esses locais não
se confundem com terreiros de Umbanda nem barracões de Candomblé, apesar de
comumente os primeiros utilizarem tais nomes de modo irresponsável. por derivação
do vocábulo já dicionarizado 'quiumba' (espírito mal, marginal do plano astral,
espírito obsessor), a alternativa natural é quiumbanda. , opção que se adotou
nesta obra, apesar do inconveniente que apresenta de assemelhar-se
foneticamente à palavra Umbanda. (Nota do Editor do livro Tambores de Angola)
E,
para finalizar, mais um trecho do livro TAMBORES
DE ANGOLA, onde Ângelo Inácio presencia a atuação dos Exus em uma ação
de guerra, preparando-se para desativar um laboratório das trevas: "Os guardiões ou exus foram chamados para
realizarem uma tarefa. Acompanhando Francisco e Otávio, iriam conosco até o
reduto das trevas, para desativarem a base de operação deles. Necessitavam de
médiuns encarnados, embora desdobrados, por possuírem ectoplasma*, energia
necessária para a desativação das bases das sombras. Deixamos Erasmino
descobrado aos cuidados de Euzália e sua equipe e fomos para a região astralina
onde se localizava a base de operações das trevas. Assim que chegamos, pudemos
notar intensa movimentação nos arredores. Francisco e Otávio estavam tranquilos
e muito seguros na realização da tarefa. Pensei que os habitantes daquela
construção estavam sabendo da nossa visita e que haviam se precavido contra
nós. Novamente, Arnaldo esclareceu a todos: - A movimentação que presenciam é resultado dos
trabalhos dos guardiões, que recrutaram seus amigos para auxiliarem na tarefa.
Embora todo o movimento, como vêem, comportam-se com a máxima disciplina e
executam com rigor sua tarefa. Observei
mais e vi uma grande quantidade de espíritos que se aproximavam furtivamente do
prédio. Pareciam comandados por uma equipe que se colocava à frente, trazendo
algo semelhante a um mapa, ora olhando para o prédio à frente, ora
olhando para o papel que tinham na mão. Longas fileiras de espíritos se
colocavam em volta do edifício das trevas, em movimentos precisos, estudados e
com o máximo de silêncio. Vestiam-se como soldados e traziam nas mãos uma
espécie de 'tridente'.
Segundo fui informado, eram armas elétricas, que descarregariam energias e
dariam choques nos outros espíritos que haviam de ser capturados. Funcionavam
com eletromagnetismo. Eram as mais eficazes contra as investidas das sombras.
Tudo parecia uma operação de guerra.
*Ectoplasma- (do grego Ektos = por fora, Plasma =
molde ou substância), é uma substância fluídica de aparência diáfana, sutil,
que flui do corpo de um médium apto a produzir fenômenos físicos,
principalmente, a materialização. (Fonte: Wikipedia)"
Espero
que o artigo de hoje sirva de esclarecimento para muitos, afinal, infelizmente,
ainda há muito misticismo, muita mitificação na Umbanda, por conta de
dirigentes, chefes de terreiro, pais e mães de santo que fazem questão em
manter a perpetuação da ignorância e o domínio sobre os médiuns e frequentadores
de seus terreiros a fim de satisfazer seus propósitos financeiros e de 'domínio
de cabeças".
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