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sábado, 17 de março de 2012

Espírito Orixá Mallet e as Entidades do Sr.Zélio



Muito se tem escrito sobre o espírito Orixá Mallet, palavras orquestradas por grandes estudiosos, mas ainda notam-se lacunas que induzem ao raciocínio.

No cenário da estruturação da Umbanda no Brasil, o espírito Orixá Mallet foi um dos importantes espíritos designados para esta missão, e desceu em terra pela Umbanda em 1913, cinco anos após o Caboclo Sete Encruzilhadas ter se manifestado, e por sua vez, o Caboclo Canguruçu, de quem pouco se tem noticia, mas sabe-se que era um caboclo curador, manifestava-se no seculo XIX , na região norte do país, ladrilhando os caminhos que dali em diante seriam traçados.

A Umbanda trazida pelo Sr. Zélio, foi como uma nova versão da 3ª Revelação, uma estratégia da espiritualidade nos despertar para a mensagem de Amor e Paz como caminho iluminativo. O Espiritismo havia descambado para o intelectualismo excessivo e a Espiritualidade tinha pressa em promover o saneamento das almas e a pacificação dos sofrimentos e desigualdades seculares, trazidos pelas guerras, atrocidades, escravidão.

Veio a Umbanda, diferente do Espiritismo, por ter um vigor atuante, chamar à razão e à responsabilidade de cada um, sem sombra de paternalismo, sem dogmas de processos infernais ou paradisíacos, senão um cumprimento da Lei Maior.

Com o surgimento do espírito Orixá Mallet, rapidamente ele alcançou lugar destacado no panteão da Umbanda, passando trabalhar nos trabalhos de desmanche e magia, e sendo respeitado pelas outras entidades do Sr. Zélio, o Pai Antônio e o próprio Caboclo das Sete Encruzilhadas. Trabalhava com animais em seus trabalhos, mas os mantinham vivos. De um “temperamento” forte, tanto podia promover materializações de borboletas, proteger pombas, como atirar pedras em médiuns, como o fez na cachoeira e inusitadamente carregar por meio quilometro até a linha da água do mar, o Sr. Benjamim Figueiredo, que depois disso abriu a Tenda Mirim.

O Irmão Cláudio Zeus, explica em um estudo sobre a Umbanda Branca e Demanda, da época onde são relatados os feitos do espírito Orixá Mallet, que considerava-se orixá uma entidade de hierarquia superior e que representava, em missões especiais, de prazo variável, o alto chefe de sua linha. Continuando, Zeus relata que na linha de pensamento desta Umbanda Original, os Orixás eram espíritos humanos com certas peculiaridades em essência e não elementos ou elementais da Natureza, e sequer ancestrais divinizados, conceito este que se estende até hoje em boa parte das Umbandas não africanizadas. Mas essas considerações poderão ser desenvolvidas em um outro estudo, tão extenso se tornou, devido as nuances variadas que a Umbanda hoje manifesta, tanto pela evolução do pensamento, como pelas vivencias ocorridas, consequentemente à sua constante expansão, desde estas primeiras histórias aqui relatadas.

Leal de Souza, em seu livro, relata que em uma reunião fechada, com cerca de 20 pessoas, o espírito Orixá Mallet começou a traçar pontos no chão, e levou a mão até eles, e dali se materializaram duas borboletas amarelas, em seguida tocou a mão do próprio Leal de Souza depositando ali a terceira borboleta, dizendo que ele veria a borboleta ao chegar em sua casa, e também em seu trabalho. E assim foi, chegando tarde da noite dos trabalhos mediúnicos, encontrou a borboleta amarela ao chegar em casa, e no dia seguinte, dentro do local onde trabalhava, seus colegas, surpresos, constataram que uma borboleta amarela pousava sobre sua cabeça.

Mais adiante, na mesma obra, há o relato que o autor se dirigiu ao Rio Macacu, no município de Cachoeiras de Macacu, levando duas pombas brancas, segundo fora solicitado, ao chegar lá, o espírito Orixá Mallet riscou um ponto no chão e as aves ficaram como que imantadas ao local. Depois disso, o espírito comentou que os animais não suportariam a carga que estavam sendo movimentadas, e enviou as pombas até a outra margem, e lá elas ficaram, até o final do trabalho, quando então voltaram por sua vontade, são e salvas.

Sobre o episódio da pedra o que ocorreu foi o seguinte:

“João Severino Ramos, dirigente da Tenda São Jorge, mais uma das tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, ao fazer sua primeira visita a Zélio em Cachoeiras de Macacu, se mostrava cético e incrédulo, pedindo provas para crer.

O Orixá Malet (da vibração de Ogun) pegou uma pedra à beira do rio e acertou bem no meio da testa de Severino que caiu dentro das águas. A entidade proibiu os amigos de socorrê-lo e pediu que esperassem minutos depois Severino atravessou as margens do Rio Macacu já incorporado de Ogun Timbiri, com quem trabalharia à gente da tenda citada. ”

(Fonte: Revista Espiritual de Umbanda – Nº 08)


Muito se fala sobre a oferenda utilizando carne de porco, o que parece ir contra os princípios trazidos pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. E entrevista para esclarecer este assunto, a neta do Sr. Zélio, a Sra. Lygia nos esclarece no Blog do nosso irmão Cláudio Zeus (Umbanda Sem Medo):

“O ritual para elaboração da comida de Ogum foi trazido por Orixá Mallet (uma das entidades que atuavam junto ao Caboclo das Sete Encruzilhadas, também através de meu avô) que seria obrigatoriamente um sarapatel. O sarapatel era feito com os miúdos de um porco castrado, por isso usava-se o animal com esta característica. Ele era morto por uma pessoa de fora do terreiro, fora da TENSP, habilitado e contratado para tal. A carne era usada como alimento para qualquer refeição.”

Este relato afasta completamente a afirmação de alguns, quanto ao sacrifício de animais, que não era fato, em relação a esta oferenda. Ela ainda afirma que nos dias atuais, tal oferenda é comprada em mercados, junto com os ingredientes que são utilizados nas demais oferendas.

A respeito de Benjamim Figueiredo e sua iniciação de forma um tanto diferente, pois carregado por meio quilometro pelo espírito Orixá Mallet, foi lançado ao mar, quando o espírito afirmou então que ele estava apto para trabalhar e ser dirigente da tenda que foi depois chamada Tenda Espírita Mirim (TEM). Abaixo, o relato citado por Pedro Kritiski (Blog Registro de Umbanda), que por sua vez extraiu de antigo site da TEM:

“O Kardecismo veio para o Brasil através da família Figueiredo. Em 1920, esta família realizava sessões de Kardec na Rua Henrique Dias nº 26, na Estação do Rocha, Rio de Janeiro.

No dia 12 de Março de 1920, o Médium Benjamim Gonçalves Figueiredo, teve a primazia de incorporar, pela primeira vez, o Caboclo Mirim, Grande Mestre que veio para nos ensinar a Escola da Vida, que poucos conheciam na época.

Após a sua chegada, O Caboclo Mirim anunciou que aquela seria a última Sessão de Kardec e que as próximas Sessões passariam a ser de Umbanda. Em uma de suas mensagens ele disse que a partir daquele momento a TENDA ESPÍRITA MIRIM seria reconhecida mundialmente e advertia que a mesma seria uma Organização única no gênero em todo o Brasil, cujo método seria adotado por outras Tendas, até mesmo em outros Estados da Federação, o que, mais tarde, teríamos a oportunidade de comprovar.

O Caboclo Mirim, Espírito Missionário, preparou a antena receptiva daquele que seria o intermediário do seu programa, de suas ordens e de suas mensagens, ou seja, o seu Médium, que preservaria a sua missão e que cumpriria, religiosamente, a sua tarefa.”

Chamado de “Capitão de Demanda’, de acordo com Leal de Souza, era emissário de Ogum, trouxe dois auxiliares, dois malaios como ele, e alem de cinco falanges do Povo da Costa ,diz-se que haviam seis falanges do Oriente e arqueiros de Oxóssi, muitos da falange de Seu Ubirajara. Nas tendas fundadas sob a inspiração do Caboclo das Sete Encruzihadas seguia-se a aceitação de médiuns da casa somente após o ritual da fita vermelha , ritual este comandado pelo Orixa Mallet.

Leal de Souza ainda relatou em “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda” que espírito Orixá Mallet foi um malaio na sua última encarnação e veio de formosa ilha do Oriente, tendo sido ali príncipe reinante. Por coincidência ou não, a Malásia tem como limite ao norte, a ilha Formosa, ou Tawain, e a região era rota de comércio, onde passavam naus portuguesas, e inclusive há construções portuguesas no local, datando dos primeiros anos de 1600. Era uma região onde predominantemente seguiam o Alcorão, mas também havia influência de budistas e tibetanos.

O interessante é que não se sabe muito do trabalho do Povo da Costa e o Povo do Oriente que trabalhou com o espírito Orixá Mallet. Pressupõe-se que eles tinham uma missão naquele momento de implantação das tendas, e prosseguem no astral, irradiando sua luz, porém no anonimato.

Sob a irradiação de Ogum, coincidentemente com a atuação e influência do espírito Orixá Mallet, também em terra se manifestou o Sr Marabaroô, exu da coroa do Sr. Zélio, que era cuidado por dona Zilca , irmã do Sr. Zélio e daí em diante a linha de trabalho dos Exus se efetivou de maneira discreta na Tendas, e aos poucos foram se manifestando mais entidades desta linha chamada de esquerda, até que hoje há giras só para seu trabalho, mas isso não ocorre na T.E.N.S.P. Nesta Tenda, independentemente de que gira esteja e precise do trabalho de Exu, estes espíritos descem (sempre em médiuns mais antigos da Tenda) fazem o que tem que fazer e nem mesmo o assistente percebe que foi cuidado por um Exu, quanto mais o publico presente. Diferente que muitos falam na T.E.N.S.P. existe sim giras de Exus, mas estas são fechadas para o publico.

A história não registra quando estes espíritos que tanto atuaram nos primórdios da Umbanda desceram em terra pela última vez. Sabe-se que o espírito Orixá Mallet era um espírito que exauria as forças do franzino corpo de seu médium. Falava pouco, quase somente por gestos, ou era Pai Antônio que trazia suas ordens e ensinamentos nos trabalhos de demanda e estabelecimento de disciplina. Foi a última entidade a se manifestar e a primeira a parar, através do Sr. Zélio. Contam os estudiosos que assim foi devido a sua grande elevação, de alta escala vibratória. Seria o espírito Orixá Mallet mais iluminado que o Caboclo das Sete Encruzilhadas? Ou apenas suas missões já eram previstas pela Espiritualidade, o Caboclo com sua tendência a anunciar, organizar e evangelhizar, enquanto que o espírito Orixá Mallet agiria disciplinarmente, na proteção, segurança, combatendo o mal e as demandas, ações estas que se refletem em cada terreiro de Umbanda, em cada filho de Banda, até os dias de hoje?

E Pai Antônio, que demonstrou desde logo a humildade e candidez característica da Linha de trabalho dos Pretos Velhos, seguiria sua missão de sábio curador, além de encantar a todos e mostrar ao mundo do início de 1900 que as correntes estavam verdadeiramente quebradas, que um mundo novo, livre e igualitário tinha de surgir por toda parte, e que a vibração de um preto velho tinha também direito e Luz suficientes para estar presente tanto qualquer outra, nas searas da manifestação do espírito para a Caridade.

Sabe-se que Zélio poderia trabalhar com 147 orixás, dentro das 7 linhas, mas apenas dois se manifestaram pelo que se tem notícia. Não Orixá como Força, mas como representantes das linhas, 21 orixás para cada uma das Sete Linhas, de acordo com a UBD (Umbanda de Linha Branca e Demanda). Certamente o que não chega até nós, não é porque não exista, mas porque não estamos preparados para conhecer a chave destes mistérios, levantar o Véu destes portais.

Pos Alex de Oxóssi

Fontes Pesquisadas:
Comunidade Povo de Aruanda
Blog Umbanda Sem Medo
Blog Registros de Umbanda
Souza, Leal. “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda”

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“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.”

Allan Kardec.

Liga da Justiça Umbandista

Liga da Justiça Umbandista
O Homem de Bem O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado." Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz. Allan Kardec.